Falta estrutura da polícia para combater de roubo de gado no Rio Grande do Sul

Segundo a Brigada Militar do Estado, 90% dos ladrões são do UruguaiAlém das áreas pouco monitoradas e das fronteiras, a falta de servidores e viaturas da polícia brasileira complica o trabalho de combate ao roubo de gado no Rio Grande do Sul.

Em diversos locais, o recolhimento de gado, cavalo e ovelhas ao anoitecer se incorporou à rotina dos pecuaristas. A ideia é dificultar a ação de criminosos, como diz o pecuarista, Neri Torres:

– Se deixa muito compromisso para fazer. Às vezes, de manhã, a primeira coisa que se faz é contar o gado. Quando toca o telefone, a gente já atende em estado de nervos, já é notícia ruim.

Segundo a Brigada Militar, 90% dos ladrões são do Uruguai e furtam os animais para abates em açougues clandestinos no país vizinho. Na maioria dos casos, eles são abatidos no campo mesmo, como lembra Neri Torres.

– Vai para os açougues, né? O que temos notícia é que tem bem mais pro lado do Uruguai do que para o lado do Brasil.

Um dos problemas é que a polícia brasileira não tem autoridade em terras estrangeiras, por isso, qualquer ação no país vizinho depende do trabalho dos servidores uruguaios, como lembra o  tenente da Brigada Militar, Romildo do Espírito Santo.

– Seria melhor entrar em contato com a polícia do Uruguai, aí ficaria a cargo deles. A gente repassa a informação pra eles, a gente não pode fazer mais nada.

Segundo o tenente, ainda há uma rede criminosa que atua, facilitando o trânsito de animais roubados.

– Eles conseguem uma nota, e não é que essa nota seja fria, nem falsificada. Uma pessoa fornece para eles essas notas, e com elas, eles transportam os animais para qualquer lugar do Estado. Como não têm, muitas vezes, denúncia de roubo, o gado vai passando, muitas vezes esse gado vai para frigorífico, onde é abatido e não se tem conhecimento de mais nada depois.

O fato de não existir uma grande fiscalização dificulta o flagra dessas ações. Atualmente, a Patrulha Rural de Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, conta com quatro viaturas para fiscalizar toda a região. São 240 quilômetros de fronteira seca, e mais sete mil de estradas rurais. Pelo menos 15 policiais se revezam nos atendimentos às ocorrências que vão muito além do Abigeato.