A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) encomendou à uma companhia especialista na análise de informações para a segurança das operações de crédito, o desenvolvimento de uma ferramenta para uso das empresas comercializadoras de soja que lhes permitirá acompanhar o adimplemento das entregas das vendas antecipadas contratadas junto aos produtores de soja na safra 2020/21, observando todas as legislações pertinentes.
O resultado será uma base de dados sobre as inconsistências no cumprimento dos contratos, semelhante às iniciativas que já existem para proteção do crédito e para cadastros positivos.
“Estamos construindo um projeto piloto para avaliação da performance de produtores de soja na safra 20/21, no que se refere à entrega e cumprimento de contratos de venda antecipada”, explica André Nassar, presidente-executivo da Abiove. “Nosso objetivo é reduzir a assimetria de informações, sendo que a ferramenta dará às empresas informações sobre o volume agregado comercializado por cada produtor”.
As próprias empresas alimentarão diretamente a ferramenta, de forma individual e sigilosa. A companhia parceira, que é uma organização terceira e independente, será a responsável por receber os dados e cuidar da organização das informações, sigilo e adaptação dos dados às legislações vigentes de proteção de dados e de defesa da concorrência. As empresas não terão acesso ao detalhamento dos contratos de seus pares, visualizando apenas a sua própria exposição diante dos volumes totais e agregados de cada produtor. Informações relativas a preços e valores financeiros, bem como a localização da propriedade rural, não serão alimentadas na base de dados.
O setor de soja no Brasil experimenta o maior ciclo de em produtividade e produção nos últimos 14 anos. A Abiove estima que a safra 2021, que começa a ser colhida agora, atinja 132,6 milhões de toneladas, 3,6% acima da safra de 2020.
“Este crescimento é fruto de uma cadeia produtiva forte e moderna, que envolve indústrias e serviços e mobiliza um grande número de empresas e produtores rurais, mas também de um modelo de comercialização e formação de preços ligados diretamente ao mercado internacional”, explica Nassar.
A ferramenta visa fortalecer o sistema de proteção contra riscos de mercado oferecidos pelas empresas aos produtores rurais, por meio dos contratos de venda antecipada com fixação de preços. Sem esse sistema de proteção, a soja brasileira perderia sua liquidez, prejudicando o produtor que faria toda sua venda no momento da colheita. A liquidez disponibilizada ao produtor é passada para frente na cadeia pelas empresas que adquiriram o produto, as quais também vendem antecipadamente os volumes adquiridos.
Esse encadeamento de contratos sucessivos bem amarrados entre si tem se provado o mais eficiente mecanismo de comercialização da produção. O inadimplemento em algum dos elos dessas diversas relações contratuais interconectadas gera não apenas incerteza na entrega final, mas também sérios prejuízos financeiros ao longo da cadeia de produção. Se a confiança no adimplemento se perde e se tal situação se torna um risco sistêmico, toda a liquidez hoje existente na soja vai se perder. “Essa ferramenta veio para proteger os produtores que valorizam a fixação de preços e que honram contratos”, finaliza Nassar.