Frango: milho mais barato trouxe alívio ao setor em 2017

Cenário político turbulento e perda de poder aquisitivo da população frearam produção das aves e inibiram a alta do preço do produto no varejo

Fonte: Cidasc/divulgação

O mercado avícola brasileiro viveu mais um ano de altos custos de produção e preços abaixo do esperado. Mas 2017 reservou uma boa notícia para a cadeia: a supersafra de milho aliviou a preocupação com a falta do grão e barateou o insumo.

O turbulento cenário político e a perda de poder aquisitivo da população frearam a produção das aves e inibiram a alta do preço do produto no varejo.

“O consumidor brasileiro está fragilizado em termos de poder de compra, temos ainda uma taxa de desemprego muito alta e isso não se refletiu ainda em termos de melhora de preços”, diz Dirceu Bayer, presidente da Cooperativa Languiru, sediada no Rio Grande do Sul.

Rentabilidade

Durante o ano, o avicultor não viu a rentabilidade melhorar, já que boa parte da indústria não aumentou o faturamento. Alguns produtores do estado receberam em média R$ 0,65 por ave. “Para ficar bom para mim, eu teria que receber de 15% a 20% a mais para dizer que eu posso investir e me capitalizar”, afirma o avicultor gaúcho Silvano Brauers.

Insumos

Apesar dos baixos preços pago pelo produto, a safra cheia de grãos proporcionou uma diminuição no valor dos insumos, como milho e farelo de soja. O custo de produção diminuiu e aliviou a situação das indústrias.

Para o avicultor, a situação não foi a mesma. Entre energia elétrica, combustível, cama de aviário e frete, os custos subiram cerca de 15%, segundo produtores. Para não ficar no vermelho, alguns precisaram adiar novos investimentos. “Você deixa as manutenções por último, o que não é bom. E isso faz com que eu tenha um resultado também abaixo (do normal)”, diz Brauers.

Exportações

O recuo nas exportações de aves foi reflexo da crise de imagem que o setor de proteína passou. Para atender às exigências de outros mercados, o governo e lideranças da área se uniram para fortalecer o status sanitário do Brasil, que atualmente exporta para mais de 40 países.

A grande vantagem do Brasil é estar livre da influenza aviária. Casos nos Estados Unidos e no Chile deixaram o país em alerta. Mas o setor se preparou: no Rio Grande do Sul uma parceria público-privada trabalhou para prevenir a doença. O Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal do Rio Grande do Sul (Fundesa) destinou mais de R$ 600 mil para a aquisição de itens de emergência, para a eventualidade da ocorrência de algum evento da doença.

O presidente do Fundesa, Rogério Kerber, afirma que foi feita uma grande mobilização junto ao setor produtivo. “Alertamos e destacamos a importância dos critérios de biosseguridade, a questão do isolamento das granjas, evitando ingresso de pessoa, ingresso de veículos”, diz.

Expectativa

O setor avícola aposta que, no próximo ano, a retomada da economia ajude o mercado. “As condições são bem favoráveis para a avicultura crescer bem, e principalmente para o Brasil. Estamos indicando números bem conservadores, crescer de 2% a 4% na produção e exportação de aves”, diz o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.

O diretor-excutivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, também acredita que poderá haver crescimento na avicultura em 2018. “E, quando um setor aposta em 2% na atual conjuntura, é altamente positivo”, diz.