Os produtores de fumo estão apostando que as indústrias vão remunerar a produção deste ano melhor, ao contrário do visto no ano passado, com fatores como o mau tempo no Rio Grande do Sul e Santa Catarina sendo levados em consideração.
Os produtores gaúchos já começaram a colher o fumo. Parte do tabaco está na estufa, e o que está pronto vai para o galpão, para ser levado à indústria. É justamente nesta época que o produtor sente o bolso pesar. Ele gasta muito na colheita, em função da mão de obra, que representa mais da metade do custo total de produção. O preço do produto é calculado a partir desse custo.
– Conclui-se o custo de produção, que ocorre em meados de novembro até dezembro, e a partir desse custo de produção a gente vai para a negociação do preço com as empresas. São sete entidades que sentam para representar os produtores e, do outro lado, empresas individualmente. Cada uma então dá a condição para estipular o preço mínimo da tabela para a próxima safra – explica o tesoureiro da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Marcilio Laurindo Drescher.
Na safra passada, muitos produtores gaúchos não foram bem remunerados. O quilo do fumo virgínia – tipo mais plantado no Brasil – ficou em R$ 9,81 a classe bo1, considerada a melhor.
Para este novo ciclo, marcado por um clima desfavorável, os produtores devem enfrentar duas situações diferentes. O mau tempo também deve influenciar o preço do fumo resultando em uma classificação baixa na indústria. Já são mais de 22 mil lavouras atingidas pelo granizo das últimas semanas.
Por outro lado, com pouca oferta por causa da chuva, a indústria pode remunerar melhor o produtor. É o que o fumicultor Fernando Mantz espera. Ele reclama que, na safra passada, o preço não foi adequado.
– Eles dão o valor que eles querem, que eles acham, mas não adianta, fazer o que? Trazer para casa é pior. Tem várias pessoas que já falaram, que já diminuíram ou pararam de plantar por causa disso – diz.
Mesmo assim, ele não deixou de investir. Pelo contrário, a adubação foi reforçada.
– É, eu investi mais na lavoura esse ano. Espero que pelo menos eles comprem melhor o fumo que ano passado – diz.