Mato Grosso do Sul vem conseguindo conter a escalada de furto de gado. Após a recente implantação de uma delegacia especializada em crimes rurais, os pecuaristas viram uma redução de 18% no registro de abigeato, nome dado a esse tipo de delito, entre janeiro e maio, em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, na contramão dessa estatística, uma nova modalidade de crime no campo vem chamando a atenção das autoridades e deixando os produtores rurais de cabelos em pé: o roubo de equipamentos de GPS instalados em máquinas agrícolas.
“São mais de 20 ocorrências de furtos de GPS de máquinas agrícolas em 2022, com pelo menos R$ 5 milhões em prejuízos diretos”, afirma o titular da Delegacia de Combate a Crimes Rurais e Abigeato (Deleagro), Mateus Zampieri.
Com a crise mundial de semicondutores, matéria-prima fundamentais para diversos setores da indústria, os criminosos passaram a mirar componentes de máquinas agrícolas, principalmente GPS, essenciais na agricultura de precisão.
Prejuízo potencial
De acordo com o titular da Deleagro, o furto desses equipamentos, com valor unitário superior a R$ 100 mil, resulta em prejuízos ainda maiores na cadeia produtiva.
O delegado Zampieri afirma que é preciso considerar que há ainda um prejuízo potencial com que o produtor arca ao ter o GPS de sua colheitadeira ou plantadeira levado.
“Ele não consegue plantar, nem mesmo realizar a colheita se ele não tiver o equipamento. E não basta ter condições financeiras para comprar o equipamento, porque em função da pandemia da Covid-19, estes itens estão indisponíveis, e isso gera um prejuízo em toda a cadeia”.
“Às vezes o atraso de uma semana na colheita pode causar uma quebra na lavoura”, avalia.
Proteção de equipamentos com sistema de GPS
Segundo Zampieri, a Deleagro tem combatido estes crimes de forma ostensiva, em operações com mais de uma dezena de mandados de busca nos últimos meses. Ele conta que, em adição, tem sido feito um trabalho de conscientização dos produtores para que redobrem cuidados com as máquinas, mantendo-as em local protegido quando fora de serviço.
Além disso, a estratégia de combate busca a participação dos fabricantes dos produtos visados pelo crime. O objetivo é que sejam desenvolvidos mecanismos que possibilitem o rastreamento dos equipamentos de GPS e desestimulem os criminosos.
“Isso acaba criando um mercado paralelo, criminoso, alimentado por pessoas por vezes cientes que estão adquirindo um produto ilícito e por outras vezes, até de boa fé, que compram esse equipamento num comércio supostamente legalizado”, diz o delegado.
De acordo com a Deleagro, as ações realizadas pela delegacia especializada conseguiram recuperar equipamentos furtados com valor correspondente a cerca de R$ 800 mil a R$ 1 milhão.