Em Mato Grosso, os preços recordes do milho desestimulam o interesse pelo girassol na segunda safra e a área destinada à oleaginosa despencou nesta temporada, fazendo o estado perder a liderança na produção nacional.
Na propriedade do agricultor Antônio César Brolio, por exemplo, o girassol sempre teve espaço garantido em 30% da área. Considerada uma boa alternativa para a segunda safra, este ano a oleaginosa perdeu prestígio na concorrência para o milho.
“O Chapadão do Parecis é bem conhecido pela diversificação de segunda safra. Aqui, o agricultor pode escolher qual cultura se adapta melhor na janela e qual lhe dará o melhor retorno. Esse ano resolvemos apostar mais no milho, aumentando a área, e também plantando feijão caupi, já que as duas culturas estão com preços bem atraentes”, disse.
Com os preços recordes do milho, muitos agricultores ampliaram o investimento no cereal, reduzindo a área de girassol no estado, que liderava o ranking nacional de produção. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as plantações ocupam apenas 66% do terreno total que era destinado ao plantio na última safra . Atualmente, o cultivo está restrito a 8,5 mil hectares, contra 25,2 mil do ciclo passado.
“A cultura do girassol é muito interessante para nós aqui no estado de Mato Grosso, porém, nestas duas últimas safras o milho tem se mostrado mais interessante do que o girassol, pois os preços melhoraram e nós dominamos a tecnologia do plantio, mas o girassol não deixa de ser uma cultura muito interessante”, analisou o agricultor Rui Otoni Prado
Com essa diminuição no plantio, a indústria de processamento da cultura também sentiu o impacto da redução da área cultivada no estado e teve que buscar alternativas para não ficar refém do produto.
“A nossa empresa nasceu para trabalhar com girassol. Nós montamos estrutura de extração mecânica primeiro, depois transformamos isso em uma extração química, depois fomos vendo o enfraquecimento da cultura do girassol e tivemos que sair do comodismo, começamos a trabalhar com soja, com o óleo de soja e também adaptamos a nossa estrutura para fazer caroço de algodão por prensagem e parte química .Com isso, a empresa está de pé e utilizando de uma matéria prima que é abundante aqui na região que é o caroço de algodão e a soja”, explicou o diretor industrial da Parecis Alimentos, Vitório Kerloz.
Com a perda da liderança, Goiás que, segundo a Conab, teve um incremento de 2% na área cultivada nesta safra volta ao topo e passa a ser, novamente, o novo líder na produção de girassol do país.