Nos últimos 20 anos de política agrícola, oa análise sobre o Seguro Rural mostra que o programa não evoluiu como o esperado. Criado em 2014 para ajudar o produtor, o projeto de subvenção ao prêmio passou por retrocesso neste período. O que chegou a ofertar quase R$ 700 milhões em 2014, não passou de R$ 300 milhões em 2015.
Agora, produtores e governo buscam alternativas para melhorar a proteção na lavoura. Uma das medidas em estudo é um modelo novo e eficaz de seguro. “Foi criado um grupo, inclusive com parte dos integrantes da iniciativa privada, para que possamos fortalecer o seguro e criar um novo modelo. Talvez com a participação da própria iniciativa privada”, afirma Neri Geller, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura. “Seguro é dinheiro, precisa ter recurso, orçamento. Muitas vezes se fala que nos EUA 80% da agricultura é segurada, mas lá tem 15 bilhões pra fazer seguro agrícola, o Brasil não tem isso agora”, aumenta.
Para o presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa, o seguro é caro e não atende as mazelas de todo o setor. “Em algumas regiões, a cobertura é muito ruim. Não chega a cobrir os custos de produção, ou seja, um modelo que não resolve. Nós, como Aprosoja Brasil, temos um projeto de seguro que estamos levando junto com o ministro Blairo Maggi e a comissão de política agrícola. Nossa intenção é que tenhamos novidades neste ou no ano que vem”, comenta.
A mesma crítica é feita pelo ex-secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura, Benedito Rosa. Para ele, o modelo atual cobre apenas 10% das lavouras do Brasil. “O seguro no Brasil poderia, com instrumentos novos, alcançar pelo menos metade das lavouras do Brasil com algo como abaixo de R$ 1 bilhão. O que ainda é inviável se não houver uma criação de mecanismos mais ágeis, operativos, transparentes e que baixem custos tanto para as companhias seguradoras, quanto para o governo e, claro, com o produtor podendo pagar um prêmio menor e o governo subsidiando menos”, analisa.
Nas duas décadas de Canal Rural, foi possível acompanhar um grande aumento na área plantada no país, que cresceu mais de 60% e pode chegar a 58.5 milhões de hectares na safra 2016/17. A produção subiu ainda mais: 168%, com uma expectativa de colheita acima de 210 milhões de toneladas para 2017.
O presidente do Conselho Nacional do Café atribuiu à pesquisa científica o aumento da produção de café no Brasil, que passou de 75 milhões de toneladas, há 16 anos, para 202 milhões atualmente. Enquanto isso, a área plantada aumentou apenas 6% no período.
“O governo compreendeu que investir na pesquisa significa investir em produtividade e renda para o produtor do país”, destaca.