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Após pressão política, o governo federal cogita asfaltar todo o trecho sem pavimentação da BR-163 ainda este ano. A proposta inicial era construir apenas 60 quilômetros dos quase 100 que estão sem revestimento. A notícia foi dada na última segunda-feira, dia 6, durante a posse do novo presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Normando Corral.
Na posse, Corral, que substitui Rui Prado e assume o cargo por três anos, falou sobre a situação da BR-163, que tem prejudicado o escoamento da safra de grãos de Mato Grosso pelos portos do Norte do país. Nas últimas semanas, chuvas provocaram atoleiros e engarrafamentos por quilômetros na estrada.
“A produção não se aumenta da noite para o dia, mas ao longo do tempo. Isso é falta de planejamento. Essa BR já devia estar asfaltada, porque a produção estava aí, ia acontecer, era sabido. Nós sabemos que as perdas vão acontecer, mas quantificar isso aí só no final”, afirma Corral.
O Ministério dos Transportes se comprometeu a asfaltar 60 dos quase 100 km que estão sem pavimentação na rodovia. Mas a pressão para finalizar toda a obra ainda este ano é grande e vem de todos os lados. Com isso, o governo federal já admite entregar todo o trecho, mas quer apoio do setor privado.
O ministro da agricultura, Blairo Maggi, esteve no evento de posse da Famato e disse que a ideia é liberar mais dinheiro às empreiteiras que estão na operação das obras. Mas isso só acontecerá se as tradings de grãos fizerem o papel de fiadoras das empresas junto aos bancos.
“As tradings envolvidas nesse processo poderiam fazer um aval ao banco que faça a concessão do crédito. Isso daria uma dinâmica grande à obra”, acredita Maggi.
Já o governador de Mato Grosso, Pedro Taques, criticou o atraso do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT).
“Incompetência do DNIT. Nós temos que cobrar. Enquanto eles, em dois anos, não fizeram absolutamente nada na 163, prejudicando o setor produtivo do nosso estado, aqui nós fizemos 1430 quilômetros. Eu não posso construir obras no Pará, o governador Jatene não pode construir obras em rodovias federais”, diz Taques.
Segundo o presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), o governo informou que uma das empresas que trabalham na pavimentação do local não tem estrutura para tocar a obra.
“Existe a licitação pronta de um lote, que já tem um consórcio de três empresas, e outra estação de uma empresa que, pelo que foi informado, não tem capacidade de resolver o problema. O negócio é que o Ministério dos Transportes tem que tomar uma atitude, o DNIT tem que tomar uma atitude.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) contabiliza as perdas causas pelos problemas de logística neste ano e aposta no investimento em armazéns para evitar o risco no próximo ano.
“Vamos produzir uma safra de 55 milhões de toneladas de soja e milho que, em algum momento, vão se encontrar nos armazéns. Então, este ano vamos ver muito milho a céu aberto. A armazenagem é um gargalo logístico importante porque ela retém o caminhão, não precisa transportar naquele momento, você consegue organizar melhor o tráfego nas estradas”, completou.
Outro lado
O DNIT informou, por meio de nota, que restam 189 quilômetros a serem asfaltados na BR-163. A previsão é pavimentar, ainda este ano, 60 quilômetros dos 100 que estão sem asfalto desde a divisa com Mato Grosso até Miritituba (PA). Segundo o órgão, o restante da estrada vai ser finalizado em 2018. O DNIT não confirmou a informação de que uma das empreiteiras responsáveis pelas obras não tem estrutura para entregar o projeto.