A paralisação dos caminhoneiros, que durou mais de dez dias e ainda mantém alguns pontos de parada pelo país, ainda afeta os produtores de suínos do Rio Grande do Sul. Por lá, ainda tem muito animal represado nas granjas, atrasando outros processos da cadeia.
Na granja produtora de leitões do pecuarista Marco Schommer, no município de Salvador do Sul (RS), a greve provocou atraso de 10 dias no carregamento. Os suínos, que normalmente saem da propriedade com 21 dias, ainda permanecem por lá depois de um mês. A necessidade de liberar espaço para matrizes em fim de gestação fez o suinocultor buscar alternativas.
Sem espaço, o jeito foi improvisar: o corredor do galpão virou baia para leitões. Schommer chegou a abrigar mais de 2.000 animais dessa forma.
“Como o leitão não saiu e as porcas vinham para parir, tivemos que tirar eles, colocar nos corredores, em baias improvisadas, para conseguir colocar as matrizes que estavam por parir nos seus lugares de novo”, conta. “Com madeira fizemos cocho, puxamos água, amontoamos eles de uma forma que desse para mantê-los vivos até a venda.”
A granja de Schommer, que tem capacidade de receber 3.500 animais, nos últimos dias abrigou 5.500 mil. A superlotação é uma das principais preocupações do setor produtivo depois que a greve começou.
“Essa superlotação provoca uma questão de os animais não ficarem bem acondicionados. O produtor tem todo o cuidado com o bem-estar animal, com as instalações, com o ambiente controlado etc., só que nesse período teve que usar uma quantidade maior de animal por metro (quadrado). Isso não é recomendado e, sem dúvida, traz prejuízos e consequências ao desempenho dos animais”, afirma o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador.
Schommer sabe que haverá consequências mesmo depois que todos os animais em atraso saírem da granja. “Ficará a contaminação da granja, com todos esses animais pelos corredores. As porcas não irão entrar em cio corretamente, irão parir menos nos próximos partos. É um prejuízo muito grande que dá até para os ciclos seguintes da atividade”, diz o suinocultor.