O 9º Congresso Brasileiro de Soja (CBSoja 2022) e Mercosoja 2022 terminou nesta quinta-feira (19). O evento recebeu mais de 1.800 participantes de todas as regiões do Brasil, da Argentina e do Paraguai, além de outros países da América do Sul. O principal ativo do agronegócio brasileiro e do Mercosul foi amplamente debatido no maior fórum técnico científico da cadeia produtiva do segmento.
Foi grande a adesão de congressistas, setor público e privado, entidades, pesquisadores, indústria e agricultores nos debates sobre os principais temas que afetam a cadeia da soja, como sustentabilidade, manejo de doenças, controle de qualidade, regulamentação de bioinsumos e produtividade.
Além disso, foram muito discutidas as ações que estão sendo executadas no Plano Nacional de Fertilizantes e as garantias de abastecimento para os próximos ciclos. Para o coordenador-geral de Estudos Sociais e Econômicos da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, José Carlos Polidoro, os riscos de falta do insumo estão diminuindo cada vez mais, como resultado da chamada “diplomacia dos fertilizantes”.
“Isso está nos fazendo ter garantias de contratos, quando nosso governo e nossos empresários vão aos grandes produtores de fertilizantes que não eram nossos fornecedores principais, como a Jordânia, que é uma produtora de potássio importante. E ela dobrou a intenção de oferta de potássio para o Brasil, de 600 mil toneladas para 1 milhão”, afirma.
Quanto às estratégias para redução da dependência do país na importação de fertilizantes, o coordenador garantiu que as metas estão saindo do papel. Ele cita as fábricas da Petrobras em Sergipe e na Bahia, “hibernadas” em 2018, e que agora voltaram a funcionar com a Unigel Agro. Também lista a unidade de Três Lagoas (MS), que deve produzir nitrogenados em nova rodada de investimentos da Petrobras.
“Nós temos inúmeros investimentos já sendo tomados na cadeia do fósforo, nós temos de fato agora a solução do problema socioambiental da exploração de potássio na Amazônia sendo encarado na base da lei e de negócios com a empresa Potássio do Brasil; certamente a gente vai explorar potássio lá com toda a segurança e sustentabilidade”, enumera Polidoro.
O evento termina com novas e importantes perspectivas na busca pelo equilíbrio entre preservação e produção. O próximo Congresso Brasileiro de Soja, previsto para acontecer em 2025, marca os 50 anos da Embrapa soja, e uma década do congresso.
“ O congresso precisa ter a palestra científica, mas também tem o que está sendo lançado de produto no mercado. Ele vê a parte teórica e a parte aplicada, e tem toda essa riqueza de informações”, afirma o presidente do CBSoja 2022, Adeney de Freitas Bueno.
Foi conhecimento que o produtor de soja Claudivan Passinato veio buscar no congresso O agricultor paranaense está começando um novo negócio no sul do Maranhão e da Bahia, e precisa compreender melhor como deve ser feita a gestão da lavoura na nova fronteira agrícola brasileira, o Matopiba. .
“Nosso desafio é conseguir fazer com que essas áreas de Cerrado venham a ter uma produtividade efetiva, aquilo que outras regiões do Cerrado, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, já têm. O desafio é olhar pra esses produtores que fizeram isso lá atrás e que demonstraram que é possível, fazer acontecer nessa região nova”, diz Passinato.
O último painel do congresso, que tratou da dependência agrícola por insumos importados, os riscos e as oportunidades que a questão está trazendo, foi ancorado pelo diretor de Conteúdo do Canal Rural, Giovani Ferreira. Segundo ele, o painel foi um dos mais importantes do evento, discutindo mercado, logística e manejo.
“Falar da dependência externa por insumos, e não só fertilizantes, significa discutir o futuro da eficiência e da competitividade do agronegócio brasileiro. Quando a gente fala de fertilizantes, por exemplo, temos 80% de toda nossa demanda interna dependente de importações. Então, precisamos sim jogar luz sobre esse tema”, afirma Ferreira.