O aumento dos preços no atacado no Brasil é o segundo maior do mundo, atrás apenas da alta de preços na Argentina. É o que mostra o levantamento de uma empresa gestora de investimentos, a Armor Capital.
A comparação foi feita com base nos índices de preços ao produtor de 82 países. No acumulado em 12 meses até setembro, o aumento de preços é de 26%. Após a Fundação Getúlio Vargas divulgar os valores de outubro, o acumulado chegou a 31%.
O pesquisador da FGV-Agro, Felippe Serigati explica que um dos fatores mais impactantes é o dólar. “Quando a gente olha para os preços da economia, esse indicador acaba monitorando o movimento dos preços ao longo do processo produtivo. Estamos observando um choque de custos considerável e que tem por trá alguns fatores, como o câmbio, já que o dólar ficou mais caro e fez os preços associados à moeda ficarem mais caros no mercado interno”, disse.
“Embora não vejamos ainda [a inflação] nas prateleiras dos supermercados, o fato é que temos uma inflação que está represada e em 2021 parte disso deve desembarcar nos domicílios”, completou o analista.
Ainda segundo Serigati, a alta do dólar vem, sobretudo, pela falta de confiança do mercado na disciplina orçamentária brasileira. “Com a pandemia, abrimos o cofre do governo e entre as economias emergentes que mais gastaram, somos as mais endividadas. O resultado disso é que o mercado está olhando para a gente com desconfiança”, finalizou.