Um fator que influenciou o mercado financeiro nesta segunda-feira foi a assinatura do pacote que libera US$ 2,3 trilhões à economia americana. Depois da resistência na semana passada, o presidente Donald Trump voltou atrás e decidiu autorizar a distribuição de US$ 900 bilhões para 14 milhões de norte-americanos que sofrem com a crise sanitária no país. O resto do dinheiro será usado para bancar gastos públicos e evitar o chamado shutdownm, quando atividades e serviços do governo são suspensos por um período.
Para o comentarista Miguel Daoud, esse pacote poderá valorizar o dólar e, por consequência, elevar a inflação no Brasil. “Esse pacote se soma a outros mundo afora que já somam US$ 30 trilhões. garantia do governo será ele próprio, pois não terá respaldo completo da atividade econômica para recuperar esse dinheiro, o que eu chamo de ‘dinheiro fumaça’, que é o que não existe e cria bolhas em todos os mercados”, disse.
Segundo Daoud, em breve esse dinheiro investido será recolhido e vai valorizar o dólar. “No Brasil, espero que isso não ocorra logo, mas vai haver uma fuga de dólares, desvalorização do real e impacto na inflação. Isso fará com que o Banco Central aumente a taxa de juros, e essa taxa impactando na nossa dívida, de R$ 7 trilhões, teremos uma bolha”, explicou.
O temor do comentarista é que uma dessas bolhas econômicas “estourem” e deflagre uma crise global. “É importante que tenhamos consciência sobre toda essa movimentação. Mas temos um projeto, o Fiagro, que usa a terra como títulos nesse mercado meramente especulativos. A agropecuária brasileira é o que vai aumentar o mundo em 50% daqui pra frente. É um insumo do nosso país que pode ser alvo de especulação, junto com o dólar”, concluiu.