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Julgamento de Lula pode afetar dólar, dizem economistas

O que tem chamado a atenção do mercado financeiro neste começo de 2018 é a alta das bolsas de valores em todo o mundo, e o Brasil acompanha este movimento de valorização das ações

Fonte: Lula Marques/Agência PT

O mercado financeiro nacional enfrenta duas situações distintas nesse início de 2018, que gira em torno da alta expressiva da bolsa de valores e o dólar seguindo um patamar estável. Especialistas acreditam, no entanto, que a moeda norte-americana deva subir durante o ano, mas sem nenhuma mudança tão brusca.

O ano começou em queda para o dólar, mas a estabilidade dos últimos dias é resultado da combinação das incertezas políticas em ano eleitoral, que contribuem para a alta da moeda, e das exportações, que pressionam pela baixa na cotação.

“O grande evento, talvez no curto prazo, vai ser a decisão sobre a condenação ou não do ex-presidente Lula em segunda instância. Na eventualidade do Lula não ser condenado, hipótese esta que eu não trabalho, nem eu nem a maioria do mercado,  talvez tenha algum ruído no curto prazo no sentido do dólar ganhar força e o real perder. No entanto, a gente tem um fluxo tão gigante para o Brasil, uma balança comercial muito forte, justamente por conta do setor agrícola e de matérias primas, que este fluxo acaba criando uma pressão de apreciar o real”, disse o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.

O que tem chamado a atenção do mercado financeiro neste começo de 2018 é a alta das bolsas de valores em todo o mundo, e o Brasil acompanha este movimento de valorização das ações. O Índice Bovespa atingiu pela primeira vez a marca de 80 mil pontos nesta terça-feira e o economista acredita que, em algum momento deste ano, as bolsas devem começar a cair. É a chamada realização de lucros, quando os investidores vendem as ações e os preços dos papéis tendem a cair.

“Tradicionalmente, bolsa e dólar andam em sentidos opostos. Se a bolsa brasileira sobe, quer dizer que as empresas brasileiras estão indo melhor e isso faz com que o real fique mais forte.”, falou Perfeito.

Mudanças

Em fevereiro, toma posse o novo presidente do banco central norte-americano. A maneira como Jerome Powell vai conduzir os juros dos Estados Unidos deve influenciar a cotação da moeda e, quanto mais altos forem os juros, mais valorizado deve ficar o dólar. “O mercado ainda está desconfiando do plano do banco central dos Estados Unidos. Eles defendem três altas de juros para 2018, mas o mercado aposta em duas, imaginando que a entidade vai dar um passo para trás, fazendo com que a moeda norte-americana enfraquece contra as principais moedas globais”, disse o economista da XP Investimentos, Gustavo Cruz.

O economista estima que o dólar pode oscilar entre R$ 3,10 e R$ 3,40 neste ano. Ele acredita, no entanto, que a volatilidade da moeda deve ser controlada pelo banco central, para dar mais estabilidade ao mercado.

“Por enquanto, o Banco Central está entregando isto. Está deixando mais fazer um planejamento. Deixando o câmbio com uma volatilidade, mas nada muito excessivo. tanto para cima quanto pra baixo, na hora de uma volatilidade anormal o banco central vai lá e intervém”, analisou Gustavo.

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