Em Tabaporã, a propriedade do Roberto Anderson Kempf foi vítima da lagarta, com estragos nos primeiros talhões dos 600 hectares de arroz cultivados nesta safra. “Eu arranquei uma aqui para mostrar o dano que ela causou, ela entra na base da planta faz um furo, se aloja aí dentro e quando ela não mata totalmente a planta, ela deixa a planta bastante debilitada. Nós estamos em um talhão de 150 hectares onde replantei 30 hectares, o resto do talhão acabei deixando, mas vou ter uma quebra bem significativa de 30% a 40%, não sei se valia a pena ter replantado todo o talhão”, disse o produtor rural.
O principal motivo do aumento e ataque dos insetos é a falta de água, segundo o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, Rafael Major Pitta. “A Lagarta Elasmo é uma praga que nós chamamos de polífaga, pois se alimenta de diversas plantas, entre elas o arroz. Essa praga é beneficiada em certas condições de temperatura elevada, umidade de solo baixa e solos do tipo arenosos, o que favorece o aumento populacional da praga. Um ano de safra agrícola como essa nossa, que tivemos diversos veranicos de uma forma bem acentuada, naturalmente isso vai beneficiar a praga”, explicou.
Segundo o produtor, a lagarta ataca várias plantas da mesma linha e o arroz acaba soltando os cachos. “A gente vê que tem muita reboleira, não tem planta nenhuma”, lamenta.
Para controlar a proliferação da praga, Pitta faz duas recomendações como estratégias de prevenção. “O uso de dessecação bem cedo, para garantir que antes do estabelecimento da cultura nós não tenhamos ali plantas que possam ser hospedeiras da praga. Então, quando a cultura é estabelecida a infestação da praga está baixa porque não tinha já no talhão. Outra estratégia é o uso de tratamento de semente, com produtos registrados para essa praga específica, essas duas estratégias usadas no arroz vão ajudar o agricultor a ter sucesso no controle”, disse.
Mato Grosso ocupa o 4º lugar no ranking da produção de arroz no país. Para a safra 20/21 são esperadas mais de 408 mil toneladas do cereal, em uma área estimada de 123,8 mil hectares em todo o estado.