A Cooperativa Agropecuária de São Sebastião (Copas), no Distrito Federal, composta por produtores familiares, foi obrigada a diminuir o beneficiamento de leite em 70%, em função da falta do produto. No início do ano, eram processados 14 mil litros por dia, chegando a 4 mil agora. Para reverter esse cenário, a Copas participa de uma iniciativa inédita da Emater-DF, que vai oferecer assistência técnica de gestão.
Entre os motivos para a escassez de leite na região, estão a concorrência com laticínios particulares e o aumento do custo de produção, que praticamente dobrou na região.
Na propriedade do pecuarista Rivaldo José Gonçalves, por exemplo, a ordenha já chegou a render 300 litros de leite por dia. Em um ano de seca, com menor disponibilidade de pasto para o gado e com o preço do milho elevado, a produção diária caiu para até 130 litros.
O problema afeta a maioria dos vizinhos de Gonçalves, em um núcleo rural próximo a Brasília. A Copas é afetada porque os produtores vêm optando por vender o volume já reduzido de leite a laticínios particulares que pagam até R$ 0,20 mais por litro.
Gonçalves afirma que atualmente envia à cooperativa entre 25% e 30% da produção, mas tem que esperanças que a empresa possa melhorar os negócios. “Não sei como ela ainda não fechou as portas. Eu não queria estar na pele do presidente da cooperativa”, relata.
O vice-presidente da Copas, Lúcio Pereira, conta que a crise fez o faturamento cair pela metade e levou à dispensa de 14 dos 34 funcionários. O leite captado pela cooperativa vem de quase 200 produtores familiares, e é utilizado na fabricação de queijo e iogurte.
Com uma parceira firmada com a Emater-DF, entretanto, a Copas pretende ampliar a produção e a rede de clientes em cerca de 18 meses. A entidade vai fornecer à cooperativa uma consultoria de gestão, através do programa Empreender e Inovar. Profissionais da empresa de assistência técnica – como administradores, contadores e engenheiros de alimentos – vão identificar as principais dificuldades e traçar um plano de negócios.
Segundo o presidente da Emater-DF, Argileu Martins, a tecnologia de gestão é a grande demanda da agropecuária brasileira, e o papel da entidade é atender essa necessidade. O objetivo, diz ele, é fazer com que a cooperativa capte recursos a custo baixo no mercado e, assim, possa dinamizar suas operações.