No Rio Grande do Sul, produtores estão recebendo tão pouco pelo litro do leite que nem conseguem cobrir os custo de produção. Muitos fizeram investimentos nos últimos anos e agora se questionam como vão pagar as dívidas.
A produtora Aneli Messer, de Teutônia (RS), mostra em uma nota fiscal que recebeu no último mês menos de R$ 1 pelo litro do leite. O mínimo que precisaria ganhar para cobrir os custos seria de R$ 1,30, diz ela. “Tu acorda (sic) de manhã e pensa: será que vai melhorar? Será que vão suspender essa entrada de leite em pó (vindo do Uruguai)?”, pergunta.
Há dez anos, ela investiu cerca de R$ 300 mil na produção leiteira, através da compra de novilhas e da construção de um galpão para os animais e uma sala de ordenha. Com o atual cenário do setor, ela afirma não saber como pagar pelas melhorias. “Eu gosto muito de lidar com os animais, mas estou até pensando em desistir da produção”, diz Aneli Messer.
De acordo com o Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do do Rio Grande do Sul (Conseleite-RS), o valor de referência do litro para setembro é de R$ 0,85. No mesmo mês do ano passado, Aneli Messer recebia R$ 1,56.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Teutônia, Liane Brackmann, diz que mais de 2.000 produtores abandonaram a atividade leiteiras nos dois últimos anos. A questão do preço foi o principal entrave, segundo ela, mas também teriam colaborado para esse desânimo as políticas voltadas à cadeia do leite no estado. “Foram muito prejudiciais e estão excluindo muitos produtores, com a questão da importação e das taxações”, afirma a representante do sindicato.