O preço do leite nos principais estados produtores do Brasil teve, em maio, a quinta alta consecutiva do ano. Mesmo assim, o reajuste é insuficiente para fazer com que os criadores de gado leiteiro saiam do vermelho.
De acordo com o pecuarista José Dini, de Piracicaba (SP), no início do ano, a indústria pagava R$ 0,80 pelo litro de leite. Atualmente, o produto é negociado a R$ 1. O que é insuficiente para cobrir os custos, onerados pelo aumento do preço do milho e da soja, na opinião do produtor. Para compensar os gastos, afirma Dini, o leite precisaria estar custando de R$ 1,20 para cima. “Mais a qualidade, chegaria aí a R$ 1,25-R$ 1,30 o litro”, afirma.
Na análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, a média Brasil de preço – que pondera valores dos estados de Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo foi o principal – está 15% maior que há um ano. O que está segurando as cotações é a baixa oferta de leite: nos primeiros cinco meses de 2016, a queda na captação foi de 18,4%, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Segundo o analista do Cepea Wagner Yanaguizawa, a indústria não conseguiu fazer os estoques que geralmente faz, principalmente por conta dos efeitos climáticos. A chuva veio atrasada, e de forma intensa, prejudicando os pastos e aumentando o custo.
“O produtor, já desestimulado pelo preço da ração, começou a adiantar o período de secagem das vacas, e a oferta começou a se agravar um pouco antes do que sazonalmente ocorre”, diz o analista. Ele acredita, porém, que há sinalização da indústria em estabilizar os preços no médio prazo, em função da diminuição da margem que que ocorre atualmente.