O preço do tomate é o menor dos últimos anos. O clima favoreceu uma grande safra, derrubando os preços – com a baixa remuneração, produtores chegaram a descartar o fruto. Mas um cenário de melhora se desenha para o mês de março.
Na média brasileira, a caixa de 25 kg de tomate do tipo salada é vendida pelo produtor a R$ 17, de acordo com pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O valor, que está 76% menor que há um ano, fica abaixo do custo de produção.
O clima beneficiou a safra atual, elevando a produtividade, que passou de 6 a 8 kg para 12 kg de tomate por planta. O produtor Cyro Cury Abumussi, de Salto (SP), afirma que o calor fez os frutos amadurecerem mais rapidamente e acusa redução na demanda desde dezembro.
Com isso, os produtores não conseguem vender a tempo o tomate. “Muitos estão fazendo descarte, doando ou até colocando os frutos para ração animal”, afirma a pesquisadora do Cepea Larissa Pagliuca.
“Nós tivemos aumento de produção de 35% a 40%. O aumento de produção e a queda de consumo são pontos muito negativos. Até por ser um produto perecível, se tem mercado, vende; se não tem mercado, tem que ser descartado”, diz o produtor Abumussi.
A pesquisadora do Cepea acredita que o preço do tomate vai ficar baixo até o período da entressafra, mas tudo vai depender do clima. A oferta, diz ela, deve seguir elevada até fevereiro. “A partir de março, quando se termina de colher a safra de verão e ainda vai começar a colheita de inverno, pode haver uma melhora significativa dos preços”, diz Larissa Pagliuca.
O produtor Cyro Cury Abumussi afirma não sentir tanto os problemas atuais do mercado porque a produção é planejada em função das encomendas dos clientes. Eçe cultiva em estufas dez tipos de tomate, entregues a restaurantes e supermercados de alto padrão. Assim, enquanto a maior parte dos agricultores vende o tomate a menor de R$ 1 o quilo, ele consegue uma média de R$ 5.
Abumussi diz que o trabalho do produtor de tomate não é o de simplesmente cultiva os frutos e colocá-los numa caixa. “Na verdade, o trabalho dele vai muito além, e envolve entender o que o cliente consumidor precisa”, afirma.