O mundo acordou apreensivo nesta quarta-feira, dia 9, com a vitória de Donald Trump nas eleições americanas. O resultado das urnas surpreendeu o mercado que já considerava como certa a conquista de Hillary Clinton. No Brasil, analistas preveem um mercado mais volátil até a data da posse e maior investimento na produção de etanol de milho no país norte-americano nos próximos anos.
O primeiro impacto da eleição de Trump foi a alta na cotação do dólar. O movimento pode ser passageiro, mas para os analistas, traz chances de boas negociações para as commodities agrícolas brasileiras. “A alta momentânea do dólar, acredito que seja mais por esta reação especulativa, que não deixa de ser uma oportunidade para produtores de soja e de milho e outras commodities que trabalham com exportação”, disse o diretor de commodities da INTL FCStone, Glauco Monte.
Para o economista Roberto Troster, a tendência ainda é de queda da cotação do dólar. “Essa tendência de valorização do real e desvalorização do dólar continua, mas continua com um dólar muito mais volátil. Até ele começar a escolher a equipe dele, quem vai ser o secretário do tesouro, quem vai ser o secretário do estado, ele começar a ter definições mais claras. até lá nós vamos ter incertezas”, disse.
A incerteza que gera a volatilidade no mercado de câmbio deve prevalecer até o dia 20 de janeiro do ano que vem, quando Donald Trump assume a presidência dos Estados Unidos. A partir desta data, o mundo vai saber se o discurso protecionista e extremista vai virar realidade.
“Ele tem uma série de restrições institucionais, acordos que o país assinou com outros países e ele não pode simplesmente rasgar. O próprio partido republicano também impõe restrições ao presidente eleito, então, o grau de manobra que ele tem é grande. Além disso, até que ponto o protecionismo afeta muito o Brasil? O grande rival dos Estados Unidos, entre aspas, é a China. A América do Sul não é tão importante neste âmbito”, analisou Troster.
Ações que não visam o comércio, no entanto, podem respingar no mercado brasileiro. Caso o novo presidente decida restringir as compras de produtos chineses, o país asiático pode deixar de comprar grãos dos Estados Unidos e a retaliação poderia beneficiar o Brasil. “Poderia até ser positivo para o Brasil no sentido de abrir mais espaço para as importações, seja de milho, soja ou de outros produtos. Mas, ao mesmo tempo, isto poderia dar uma reação negativa dos preços em Chicago, por exemplo” disse Glauco.
Donald Trump venceu em estados do cinturão produtor de grãos e, por isso, a expectativa é de que a política adotada pelo republicano possa beneficiar produtores rurais, especialmente com incentivo à produção de etanol de milho, o que dá sustentação ao preço do cereal. “A questão do etanol de milho, que tem muito da questão governamental em cima pelo mandato, ele deu algumas indicações que vai manter e suportar este mandato do etanol de milho nos Estados Unidos, o que é importante porque ele consome um terço da produção americana de milho”, concluiu o analista.