Sem o apoio financeiro do governo para a contratação do seguro rural, 50 mil produtores no Brasil estão com a lavoura desprotegida. Entre eles, 36 mil são produtores de soja. O corte da contribuição por parte do governo foi anunciado no início deste mês. Outro problema é que, na safra passada, o governo pegou R$ 300 milhões para subvenção – que foram anunciados para esta safra – e ainda não fez a suplementação.
Por isso, a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) vai a Brasília nesta semana se reunir com a Frente Parlamentar, para pedir essa suplementação. O assunto também foi destaque durante o fórum Protagonismo do Agronegócio Brasileiro, que aconteceu esta semana em Porto Alegre.
O clima tem castigado o Sul do país. No Rio Grande do Sul, o excesso de chuva já prejudicou muitas lavouras. Por esse motivo, o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luís Carlos Carvalho, vê com preocupação a falta de verbas para a contratação do seguro rural.
“No último congresso que tivemos na véspera de eleição presidencial do ano passado, nós chamamos os candidatos pra que se posicionassem e citamos a importância, o peso e a relevância do seguro rural para o mundo tropical. A gente sentiu, por parte da candidata eleita, bem poucos comentários sobre isso. Não sentimos que era prioridade”, diz Carvalho.
Na visão do advogado Renato Buranello, sócio da Demarest Advogados, as próprias seguradoras deveriam dar um amparo maior ao produtor, sem depender de subsídios do governo. “O governo prometeu às seguradoras e aos produtores, a liberação de R$ 668 milhões – previstos no plano agrícola – para subvenção do seguro rural. O problema é que muitos produtores contrataram o seguro antes do anúncio da falta de recursos, feito no início deste mês. No Rio Grande do Sul, 15 mil produtores aguardam o auxílio do governo”, diz.
“Logicamente que, se o governo não for pagar, as seguradoras vão ser forçadas a cobrar do produtor esse valor. Ou o produtor desistir do seguro. Agora, a pergunta que fica: como é que o produtor vai desistir deum seguro num ano de problemas climáticos tão fortes?”, diz Otávio Simch, diretor executivo Tovese Corretora de Seguros.