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Milho: 2016 entra para o calendário como o ano da crise

Safra reduzida desencadeou desabastecimento e elevou preços do cereal a patamares nunca vistos

Fonte: Divulgação

O ano foi especialmente difícil tanto para quem produz, como para quem depende do milho como matéria-prima no país. O encolhimento da produção brasileira e a forte demanda internacional elevaram os preços a patamares nunca vistos anteriormente. Dessa forma, 2016 entrou no calendário do setor como o ano da crise.

Depois do recorde histórico nas exportações em 2015, os produtores de milho apostaram alto na segunda safra do ciclo 2015/2016. A área aumentou 10,3%, segundo a Companhia de Abastecimento (Conab). Mas o clima decepcionou nas principais regiões produtoras e o estresse hídrico causou quebra de quase 25%.

“Uma produção muito fraca, problema sério de estiagem, prejudicando o tempo todo o desenvolvimento da planta, aí acabou que a produção acabou sendo muito ruim”, avalia Ereno Giacomelli, produtor rural de Mato Grosso.

O presidente da Associação dos Produtores de Soja e MIlho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Endrigo Dalcin, afirma que os problemas financeiros agravaram o cenário. “O milho é componente importante na receita da fazenda do produtor, compõe a diluição de custos de máquinas, de funcionários, de custos em geral. Faltou a receita do milho.”

A safra reduzida desencadeou um desabastecimento dos estoques e elevou os preços a patamares nunca praticados. “Foi essa queda de produtividade que levou a preços tão acima do que a gente imaginava no começo do ano, até meados do primeiro semestre. Eu diria que quem conseguiu ter o mínimo de produtividade e colheu relativamente bem teve um ano bom, com uma rentabilidade bem adequada, o problema é que teve muito produtor que perdeu praticamente tudo”, diz a analista de mercado da Tendências Consultoria Amaryllis Romano.

A falta de milho no mercado interno desequilibrou também a agroindústria, que viveu uma disparada dos custos de produção. A crise levou o governo a pressionar movimentos de importação do grão para suprir a demanda nacional. Dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) apontam que, só nos primeiros dez meses de 2016, foram desembarcadas 1,9 milhão de toneladas de milho estrangeiro no país.

Dança dos mercados

Para o diretor da Commodities da INTL FC Stone, Glauco Monte, o movimento entre os mercados teve peso relativo para o desempenho do setor em 2016. “Tivemos grande demanda de exportação em 2015, que levou todo nosso milho embora. O ano não foi competitivo. O dólar mais baixo, o preço do mercado internacional também menor do que o preço no mercado interno fizeram com que não conseguíssemos a performance da exportação do último ano. Saímos de R$ 50 (por saca) na BMF, terminando abaixo de R$ 40 no fim do ano”, afirma.

De acordo com o analista, para o ano que se inicia, há uma conscientização maior de consumo e de otimização de custo. “O caminho é o crescimento. Acho que o milho pode rapidamente dobrar a produção. Está todo mundo focado na mesma solução, que é aumentar a produtividade e viabilizar o produtor”, diz Glauco Monte. 

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