Milho: 2017 foi marcado por preços baixos e problemas de armazenagem

Neste ano, o produtor do cereal se deparou com uma safra maior e cotações mais baixas; o setor teve ainda subsídios do governo através dos leilões PEP e Pepro e encontrou no etanol uma possível solução para aumentar a demanda

Fonte: Pedro Silvestre | Canal Rural

O ano de 2017 foi marcado pelos preços do milho bem mais baixos que o ano anterior. Se em 2016 houve uma quebra de safra e as cotações foram recordes, neste ano com recomposição da oferta do grão os preços caíram.

Com produção total de quase 98 milhões de toneladas neste ano, o milho registrou um aumento de safra de 47% em relação ao ciclo anterior. Houve um incremento de 10% na área cultivada de alta de 33% na produtividade total, que ficou em 92,5 sacas por hectare no Brasil.

Preços em queda

O indicador Esalq/BM&FBovespa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o valor do milho ficou próximo de R$ 30 na maior parte do tempo, contra R$ 51,48 que foi a maior cotação de 2016.

Na tentativa de dar sustentação ao mercado, o governo fez operações de subvenção no decorrer deste ano. O Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) foi um dos incentivos para quem comprou a mercadoria dos produtores rurais e cooperativas. Foram mais de 2 milhões de toneladas escoadas através desse programa.

Também foram realizados leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro), onde o governo deu subsídio ao preço de mais de 7 milhões de toneladas do grão.

Apesar disso, alguns produtores indicaram que esses programas governamentais não foram suficientes para reverter a situação do agricultor. “Esses subsídios ajudaram, mas não resolveram o problema. No máximo, eles trouxeram uma margem muito mínima até porque não é esta também a função do programa. Mas eles pagam a conta apenas. O produtor passa o ano em ponto morto, sem sair do lugar, em algo que ele devia rentabilizar”, explicou o produtor rural Rodrigo Pozzobon.

Já o agricultor Fernando Cadore enfatiza que 2017 foi um ano de margens muito pequenas, apesar da boa produção, devido aos preços em queda.

Armazenagem

Em 2017, mais de uma vez o milho ficou a céu aberto em Mato Grosso por causa da falta de armazéns. A comercialização mais lenta da soja contribuiu para a escassez de silos para o cereal. Em Ipiranga do Norte (MT), por exemplo, 40 mil sacas ficaram ao ar livre.

Na visão do presidente do sindicato rural da cidade, Valcir Batista Gueno, se não houver um incremento na demanda pelo grão no estado, ou a logística for cara, a solução seria reduzir a área plantada de milho.

(Vídeo de Junho de 2017)

Safra americana e exportações brasileiras

Enquanto os produtores brasileiros lamentavam o preço baixo do milho e a falta de armazéns, nos Estados Unidos os agricultores comemoraram a colheita de uma grande safra com 370 milhões de toneladas do grão.

A grande safra norte-americana não impediu o Brasil de aumentar a exportação do cereal neste ano. De janeiro a novembro, foram exportadas 25 milhões de toneladas, um crescimento de 21% em volume na comparação com o mesmo período do ano passado.

Em receita, os embarques do cereal contabilizou quase US$ 4 bilhões de dólares até novembro, número 13% a mais que em 2016.

Etanol de milho

O setor entendeu que as exportações são importantes, mas que também é necessário aumentar o consumo interno do grão. Iniciativas como o aumento da produção de etanol de milho são bem-vindas nas regiões com maior produção.

Perspectiva

Para as próximas colheitas de milho, ainda há muitas incertezas. O atraso no plantio da primeira safra deve reduzir a área e a produtividade da segunda safra.

A projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é que a produção de milho na primeira safra 2017/2018 seja 17,8% menor em comparação com o mesmo ciclo do ano passado, com produção de 25 milhões de toneladas. A redução de área e de produtividade são dadas como certas neste primeiro ciclo.

Por enquanto, a expectativa para a segunda safra é de estabilidade em 2018, com 67 milhões de toneladas produzidas. No entanto, ainda é cedo para falar desta projeção, já que o clima e o mercado deverão influenciar a tomada de decisão do produtor rural.

O que os analistas apostam é que o preço do milho deve ter uma recuperação em 2018, ficando em um patamar acima dos valores praticados em 2017.