A produção de milho no Brasil em 2021 sofreu com problemas climáticos e ataques de pragas. Quem conseguiu colher garantiu uma boa rentabilidade. A alta do grão no mercado internacional vem estimulando produtores a aumentarem a área na próxima safra, mas segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), o setor ainda precisa de incentivos financeiros e estruturais para crescer com sustentabilidade.
De cada quatro sacas de milho previstas para serem colhidas na última safra, uma foi perdida pela seca ou pelo ataque de pragas.
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“Nós tivemos um grande acidente que foi a incidência de uma seca muito forte nos dois momentos do milho. Na safra de verão e na safrinha de inverno. A expectativa era que nós produzíssemos 30 milhões de toneladas e acabamos ficando com 25. Uma seca forte além do problema seríssimo com a cigarrinha. Nós tivemos produtores que não colheram nenhum saco de milho. Isso é um terror. O que aconteceu no final da história é que ao invés de uma safra de 110 milhões de toneladas, ficamos com 85 milhões”, destaca o presidente institucional da Abramilho, Cesário Ramalho.
A safra de milho veio menor do que o previsto, porém com preços em patamares bem interessantes para quem conseguiu produzir.
“O milho em Chicago chegou a 8 dólares o bushel e isso foi extremamente compensador. Tanto é incentivador que o mercado reage com um aumento de produção de 10%, que é a previsão hoje Conab e de vários players de mercado, onde os analistas estão prevendo uma safra de 120 milhões de toneladas”, pontua.
Já para quem dependeu de milho em 2021 sofreu o impacto da redução de oferta e os preços elevados, como por exemplo toda a cadeia de proteína animal.
“As indústrias brasileiras não podem sobreviver sem estoques. Elas choram muito mas a verdade é que elas têm que entrar no mercado futuro. Nós temos mercado futuro da soja, do açúcar e do milho. Mas você não pode ter uma indústria onde 70% do custo é o milho e não ter o produto. O que a gente não pode ficar é sem estoque. Isso não existe”, afirma Ramalho.
Importações
O volume de importação de milho bateu recorde e os embarques tiveram redução significativa.
“Nossas exportações caíram porque nós não podemos fazer contratos. Mas se nós tivéssemos milho, nós teríamos vendido. Isso é um fenômeno global. A China que é o segundo maior produtor mundial com 270 milhões de toneladas, está crescendo a sua área. Os nossos companheiros precisam saber que o Brasil não é o único produtor do mundo, quando tem um setor um segmento dando a rentabilidade que estão dando as nossas lavouras, o mundo inteiro fica aceso”, diz o dirigente da Abramilho.
Safra recorde e preços do milho em alta
Segundo especialistas, o cenário para o milho em 2022 deve seguir com preços elevados, mesmo com a estimativa de uma safra recorde. Mas a Abramilho tem algumas demandas importantes para que esse crescimento da produção aconteça de forma sustentável: capacidade de armazenagem, utilização mais eficiente da água e o mais importante e urgente, um seguro agrícola mais extensivo.
“Nós perdemos 25% da produção no ano passado. Este ano nós já estamos perdendo no Sul com a seca, então nós temos que ter um seguro agrícola que cubra a renda do produtor. Garantir a renda do agricultor que ele paga a escola, troca o carro, sai de férias, enfim, a vida do agricultor. É um incentivo sensacional para diminuir essa pressão de quando você não colhe e precisa ir em cima do governo para postergar os investimentos, por exemplo”.
Por fim, Cesário Ramalho destaca que, apesar das dificuldades, a demanda por milho sempre será constante. Ele ainda ressalta as qualidades do grão.
“Eu sou otimista. O milho é o grão de ouro, pois o mundo precisa dele. O quilo de ração é composto por três partes, uma de soja e duas de milho. O que nós temos que fazer é aumentar a produção. O milho se tornou uma commoditie tão boa quanto a soja, até para você fazer mais milho no verão, porque a rentabilidade é boa, assim como os preços”, finaliza.