A quebra de produção do milho de segunda safra preocupa os produtores e toda a cadeia que depende do insumo no país. A colheita deve começar na segunda quinzena de julho e os especialistas alertam para a falta do grão no mercado interno. Cláudio Carvalho Ottaiano é produtor rural em Minas Gerais e está sentindo os reflexos da estiagem em partes da lavoura de milho. A área que não foi irrigada vai ter produtividade próxima à zero nesta colheita da safrinha. A única alternativa para não ter prejuízo total é produzir silagem para o gado.
Em Uberaba, no Triângulo Mineiro, a falta de chuvas no começo do plantio da segunda safra trouxe sérios prejuízos ao produtor. A lavoura de Ottaiano, por exemplo, apesar de verde, não será capaz de produzir uma espiga sequer. “Eu chamo isso de seca verde, é uma planta que está verde, porém a produtividade aqui vai ser zero”, explica o produtor.
Segundo analistas, a previsão de produção da safrinha no estado era de quase 1,9 milhão de toneladas, mas com a estiagem, o volume vai ser bem menor, em torno de 1,5 milhão de toneladas. “Quem plantou em março, pegou um pouco de chuva, em abril choveu, mais ou menos dois a cinco milímetros, e de lá pra cá não choveu mais. Então, houve uma perda significativa do milho safrinha e, consequentemente, vai ter falta do produto no mercado”, diz Tomaz Antônio Chiatti, técnico agrícola da Emater.
Outra produtora que já sabe que vai ter muitas dificuldades é Marilda Oliveira Lopes. Para manter a produção de leite com o aumento no valor da ração, não vai ser fácil. “Durante a ordenha, as vacas comem ração e vai ser difícil comprar”, diz Marilda.
Diante do cenário, os produtores torcem para que as importações de países como a Argentina e leilões do governo possam amenizar a situação.
“De imediato, nós não temos atitude nenhuma a fazer. Já foi feito o plantio, vai ser feita a colheita, o que nós colhemos nós temos que administrar. E a gente vê isso com preocupação, sim. Porque os estoques estão baixos, as perspectivas nós temos que esperar o outro plantio. A colheita dos pivôs pode ajudar um pouco, mas não vai ser o suficiente. Então, o momento é preocupante”, relata o presidente da Cooperativa dos Empresários Rurais do Triângulo Mineiro (Certrim Uberaba), Luiz Henrique Borges Fernandes.