O clima não colaborou com a produção de milho segunda safra no Paraná, segundo maior produtor da cultura no país. Em Cambará, no norte do estado, o agricultor Fábio Rodrigues viu a expectativa para a safra reduzir com a falta de chuva. A produtividade na fazenda deve diminuir de 120 para 80 sacas por hectare em alguns talhões.
Apesar da perda já consolidada, o produtor está otimista e espera que a chuva apareça em maio e reverta parte do prejuízo. “Esse milho que está na fase vegetativa agora, mesmo com menor investimento em tecnologia, pode se recuperar e a gente alcançar uma média de 100 sacas por hectare. Talvez até compensando a quebra desse milho que teve mais tecnologia no início do plantio e que está hoje na fase reprodutiva”, diz.
A alta no preço do milho incentivou o Aparecido Scoparo, outro produtor de Cambará, a aumentar a área em 30 hectares para plantar o milho safrinha, mas a falta de chuva também preocupa o agricultor. “Já está com 15 dias sem chuva, a lavoura vai começar a sentir um pouco de falta de água”, afirma.
A região norte do Paraná é uma das mais atingidas pela estiagem. No município de Cambará, por exemplo, há mais de 30 dias a chuva não passa de 5 milímetros.
A falta de água no solo prejudica o desenvolvimento em todas as fases do ciclo, segundo o engenheiro agrônomo Mauro Bertolini Franco. “Cada plantio está sofrendo uma perda. Os mais velhos estão em fase de enchimento de grão e esses estão necessitando de muita água neste momento e está começando a faltar no solo. Já o que está em pré-pendoamento, é o que está parecendo que sofreu menos perda, está mais ou menos dentro da normalidade. E o último, que é o plantio que foi feito até o começo de março, está se desenvolvendo e a gente vê que tem muita planta pedindo água, ela está sofrendo muito com o estresse hídrico”, explica.
Estimativas
A projeção de colheita do milho safrinha neste ano, segundo o Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), era de 12,4 milhões de toneladas do grão, mas já é previsto uma quebra de safra. “Teve uma redução na produção esperada em torno de 600 mil toneladas ou 4,9% de perda. A expectativa inicial de produção era de de 12,86 milhões de toneladas, neste momento reduziu-se para 12,24 milhões de toneladas”, comenta Edmar Gervásio, analista de milho do Deral.
Em 2019, o Paraná colheu 13,3 milhões de toneladas de milho na segunda safra. Se não chover nas próximas duas semanas, a Aprosoja Paraná acredita que a queda na produção deste ano pode chegar a 30% em relação ao ano passado. “Nós temos um pouco de milho mais novo que, se essas chuvas se regularizarem, podem ajudar a elevar essa produtividade. Mas se a gente for fazer um comparativo com o ano passado, a produtividade do Paraná ser em torno de 25 a 30% menor”, diz José Sismeiro, vice-presidente da Aprosoja Paraná.