O consumo de etanol em Minas Gerais triplicou nos primeiros sete meses de 2015 e a perspectiva é que a produção de cana-de-açúcar no estado aumente neste ano, apesar de os preços do açúcar e dos biocombustíveis estarem menores. Os dados são parte de uma pesquisa da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig).
O aumento da produtividade dos canaviais mineiros deve impulsionar a safra de cana-de-açúcar no estado. No levantamento realizado pela Siamig a indicação de crescimento é de 3% na safra 2015/2016, com a produção atingindo 61 milhões de toneladas. Já a área cultivada deve ser a mesma da temporada passada, cerca de 890 mil hectares.
A expectativa é de que 60% de toda a produção do estado seja destinada à fabricação de etanol, para atender o aumento da demanda interna. De janeiro a julho deste ano, o consumo de etanol em Minas Gerais triplicou em relação ao mesmo período do ano passado.
Apesar disto, a situação ainda é preocupante. O aumento da demanda não foi suficiente para garantir maior retorno econômico à cadeia produtiva. As usinas estão recebendo R$ 1,17 por litro de biocombustível, 4% a menos em comparação com o preço médio de 2014.
– As empresas estão com enorme endividamento e elas precisam vender a produção. Em junho, o governo lançou uma linha de estocagem de etanol, mas ele ainda não disponibilizou para as usinas o acesso a essa linha de estocagem, ele está esperando o BNDES liberar essas linhas para que as empresas acessem as linhas e não precisem vender a produção imediatamente – afirma o presidente da Siamig, Mário Ferreira Campos.
A produção de açúcar no estado teve redução em função da queda de preço no mercado, que chegou ao menor valor dos últimos cinco anos. A valorização do dólar acelerou as exportações do produto, mas não trouxe impacto para a rentabilidade do setor.
– Em função de o Brasil ser um grande player no mercado de açúcar mundial, nós temos quase 50% das exportações mundiais. O que acontece é que quando o dólar sobe, o preço do açúcar no mercado internacional cai. Com isso, a receita em reais que o produtor recebe está exatamente a mesma dos últimos anos – diz Campos.
O preço médio pago aos produtores mineiros nos primeiros sete meses do ano é de R$ 67 por tonelada, 5% menor em relação ao mesmo período do ano passado.