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Ministério da Agricultura amplia mercados para carnes e abre oportunidades para frutas

Eumar Novacki, secretário-executivo da pasta, fala com exclusividade sobre resultados da missão brasileira que visitou Rússia, Japão, Itália e Armênia

Fonte: Pixabay/divulgação

Uma missão do Ministério da Agricultura, que durou 15 dias e visitou quatro países – Rússia, Japão, Itália e Armênia –, resultou em novos acordos comerciais para o país. Com isso, os negócios entre Brasil e Rússia podem atingir US$ 400 milhões em 2017, após a ampliação do mercado russo para carnes bovina, suína, de aves e para produtos lácteos brasileiros. Uma missão do país vem ao Brasil em dezembro para habilitar novas plantas.

No Japão, as conquistas foram a reabertura do mercado para carne termoprocessada, o avanço de negociações para o envio de carne in natura e abertura para as frutas brasileiras. O secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki, conversou com exclusividade com o Canal Rural sobre os resultados dessa missão.

Canal Rural – Quantas indústrias vão ser vistadas pela missão russa?
Eumar Novacki –
 A Rússia é um mercado importante para o Brasil, um importante parceiro comercial, e essa missão, com certeza, trará frutos. A ideia é que, já no início do próximo ano, o Brasil possa aumentar suas exportações para a Rússia. Nós estamos buscando junto ao empresariado e associações de que modo a gente conseguiria visitar o maior número de plantas para credenciar o máximo possível. A ideia é fazer uma seleção prévia realizar com a maior brevidade essas vistorias.

CR – Em contrapartida, a Rússia quer vender ao Brasil peixes, trigo e carne bovina da raça angus. Como está o andamento desses processos?
Novacki – 
É uma via de mão dupla. Nós queremos vender para lá e somos competitivos, produzimos com eficiência e com baixo custo. Por outro lado, temos que abrir a possibilidade para que outros países vendam produtos ao Brasil. Eles têm interesse no pescado; nós credenciamos três plantas recentemente, e outras três estão em fase final de credenciamento. Eles têm interesse em exportar o trigo. O Brasil já fez sua parte e estão faltando algumas informações para que eles terminem esse processo. E eles também querem exportar carne bovina, alguns cortes que não são tão apreciados lá na Rússia e que são apreciados no Brasil. A picanha, por exemplo. Eles precisam agora responder alguns questionamentos sanitários e, se essas respostas chegarem até a segunda quinzena de novembro, já na segunda quinzena de dezembro nós temos uma missão para credenciamento de plantas na Rússia. 

CR – Isso não pode, de alguma forma, prejudicar a competitividade do produto brasileiro no mercado interno?
Novacki – 
Essa discussão tem que ser feita com muita clareza, e quando chamamos os empresários para conversar, é porque confiamos no potencial do Brasil. Eles vão conseguir competir conosco, trazendo um produto de tão longe? Essa é a questão. Nós acreditamos no potencial brasileiro de se produzir bem, com baixo custo e sendo competitivo. Se nós conseguirmos ser competitivos no mercado internacional, muito mais no mercado interno.

CR – No Japão, quais foram as maiores negociações?
Novacki –
 Tínhamos algumas pautas bem definidas, como as carnes termoprocessadas. Nessa reunião, conseguimos destravar isso. As carnes termoprocessadas de animais de até quatro anos já estão liberadas para exportação para o Japão. Nós ainda pedimos que acelerassem o processo para que pudéssemos vender carnes in natura. Já vencemos uma etapa a mais, mas é um processo longo, que ainda deve demorar de 12 a 18 meses para que a gente possa ter uma solução. E também pedimos para para que o Japão acelerasse o processo de análise da nossa documentação que permitisse a exportação de frutas para lá. Eles nos garantiram que a exportação de abacate deverá ser anunciada nos próximos dias. Em contrapartida, o que eles querem é exportar paro Brasil um tipo muito específico de carne, que é do gado wagyu. É um nicho muito específico e que nós também estamos trabalhando para que nos próximos dias possamos formalizar e anunciar novidades nesse sentido.

CR – Houve avanço na parceria entre o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e a Agência Japonesa de Meteorologia?
Novacki –
 Essa já é uma discussão que vinha sendo feita há algum tempo, de se fazer um termo de cooperação. Nós fomos lá para formalizar que nós temos interesse e apresentar uma primeira proposta. Eles estão estudando, mas já nos acenaram positivamente. Quando nós fazemos essa troca de conhecimento, todos ganham e a questão meteorológica não respeita limites territoriais. Muitas coisas que acontecem aqui no Brasil acabam por influenciar o clima do outro lado do mundo e vice-versa. Eu espero em breve receber essa documentação, assim como uma visita do setor meteorológico do Japão. E o mais interessante é que nós queremos desenvolver novas ferramentas para o produtor rural brasileiro. O ministro Blairo Maggi já determinou, por exemplo, que nós criássemos aqui um aplicativo para telefones celulares, para que, num clique, o produtor rural possa saber as condições meteorológicas da sua região no prazo de um dia, três dias, sete dias e 30 dias, com uma confiança considerável. Nós estamos nos preparando para disponibilizar até o segundo semestre do ano que vem essa ferramenta. 

CR – A missão participou de um painel na Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) cuja ideia era desconstruir a visão negativa que se tem sobre o modo produtivo brasileiro, do ponto de vista da sustentabilidade ambiental. Como foi essa experiência?
Novacki  –
 Fomos lá para mostrar como são a agricultura e a pecuária brasileiras, com base em dados científicos. Nós temos 61% do território brasileiro com mata nativa, preservado, intocado, do mesmo modo quando chegaram aqui os primeiros portugueses. Essa área é maior que a comunidade europeia. Nós temos muito a mostrar. Nós usamos menos de 8% do território brasileiro para produzir grãos, menos de 20% para pecuária. Nós temos uma das leis ambientais mais rigorosas do mundo. O produtor brasileiro também está banindo o trabalho escravo, o trabalho infantil. Então, quando forem falar algo da agricultura brasileira, tenham muito cuidado. 

CR – Na visita à Armênia, houve o interesse do governo local de enviar cientistas para conhecer o trabalho da Embrapa. Como isso vai se desenrolar?
Novacki –
 Nós colocamos à disposição do governo da Armênia a nossa Embrapa. O país ficou de mandar para cá seus cientistas para conhecer como nós trabalhamos e para que, no futuro, possamos implementar um termo de cooperação técnica, com troca de experiências entre os países. Eles têm uma variedade de uva que, segundo o ministério da agricultura armênio, há quase três mil anos vem sendo cultivada e produz um vinho de muita qualidade. Eles acreditam que possam nos trazer algumas experiências bastante positivas. Por, outro lado, eles sabem como a Embrapa é referência para o mundo, o quanto nós já avançamos e eles querem conhecer. Essa troca é positiva para o Brasil e para o mundo.

CR – E sobre relações de mercado com a Armênia?
Novacki –
 A Armênia ocupa uma posição estratégica importante. Faz parte da comunidade euroasiática, e com isso se torna um país interessante para o Brasil ampliar seu comércio. Ela já compra do Brasil alguns produtos como carne bovina, suína e fumo. Agora nós sabemos que podemos ampliar. O governo da Armênia ficou de levantar quais são as potencialidades do país, o que pode interessar para o empresariado brasileiro e nós ficamos de programar para o próximo ano um encontro entre empresários dos dois países para tentar avançar alguma coisa em relação ao comércio.

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