RS: Ministério Público investiga sonegação de impostos por frigoríficos

Duas empresas do município de Pelotas são suspeitas de esquema para camuflar operação triangular de venda que teriam causado prejuízo ao estado de mais de R$ 30 milhões

Fonte: MP-RS/divulgação

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) deu início, nesta terça-feira, dia 6, à operação Pasodoble, para investigar dois frigoríficos do município de Pelotas por suspeita de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e outros crimes. Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão na residência de pessoas ligadas às empresas Frigorífico do Salso e Frigorífico Estadosul.

De acordo com informações publicadas no site do MP-RS, a intenção da operação é a de desarticular um grupo criminoso que teria causado prejuízo de R$ 27 milhões no abate, comércio e distribuição de carnes. Além disso, os administradores do Estadosul respondem a outro processo-crime, também em Pelotas, por crimes fiscais no total de R$ 3,4 milhões.

De acordo com o promotor de Justiça Áureo Gil Braga, o esquema fraudulento utilizaria uma estrutura de frigoríficos e “laranjas” para camuflar uma operação triangular de venda (produtor-frigorífico-varejista), emitindo notas fiscais como se fossem referentes à venda direta do produtor para o frigorífico, e, depois, deste estabelecimento para o varejo, ocultando toda cadeia de comercialização e da incidência tributária. Dessa forma, os frigoríficos teriam gerado, ao longo dos anos, passivos tributários nunca pagos. 

O esquema

A fraude é praticada por abatedores ocultos em duas etapas, o que dá origem ao nome da operação. Na primeira fase, os abatedores remetem o gado (bovino e ovino) para abate em frigoríficos, simulando uma operação de venda realizada por produtores rurais diretamente aos frigoríficos. Na segunda etapa, a carne resultante dos abates é devolvida pelos frigoríficos a esses abatedores que vendem a mercadoria aos varejistas da região, acobertando a operação com um documento fiscal que simula a venda direta para o varejista. 

O prejuízo ao estado ocorre porque os abatedores ficam ocultos, não assumindo qualquer responsabilidade pelo ICMS devido, que fica, a princípio, apenas com frigoríficos que não pagam seus impostos e não têm patrimônio disponível para execução fiscal. Além do prejuízo gerado pela falta de pagamento, parte relevante das operações é realizada sem a emissão de documento fiscal algum.

A reportagem do Canal Rural tentou entrar em contato com os dois frigoríficos, mas não obteve retorno até a publicação da notícia.