O uso de teores elevados de biodiesel no diesel, de 20%, 50% e até mesmo 100%, apresenta riscos irrelevantes ou muito baixos ao desempenho dos motores de automóveis. Essa é a conclusão de um relatório apresentado na Câmara Setorial de Oleaginosas e Biodiesel, em Brasília, nesta terça, dia 30.
O relatório reúne 57 estudos de 12 países, que levam em consideração fatores como consumo de combustível, emissões de gases poluentes, durabilidade e potência dos veículos. Os resultados foram positivos com diversas matérias-primas, como, por exemplo, soja, sebo bovino e dendê. A mistura de biodiesel no diesel brasileiro, atualmente, é de 7%, o chamado B7. Segundo o responsável pelo relatório, o setor produtivo quer apoiar pesquisas oficiais do governo para garantir o aumento desse percentual.
– Nós teríamos toda predisposição e toda vontade de evoluir nesse ciclo, nessa sistemática, de testes com maiores teores de biodiesel. A iniciativa privada, acredito, que participaria de toda evolução, de todo esse processo. Sem dúvida é de nosso interesse colaborar com o governo nessa iniciativa – diz o assessor econômico da Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal, Leonardo Zilio.
O setor produtivo reivindica o aumento da mistura de 1% ao ano e que o governo desenvolva um cronograma oficial para isso. O principal objetivo é programar a produção para atender à demanda nacional
– O Brasil, hoje, tem produção de soja para essa transformação. O que nós temos que sempre lembrar é que é extremamente complexo dizer que a soja que nós temos pode ser transformada diretamente em biocombustível, porque nós competimos com outras cadeias no processo, seja a cadeia de alimentos, industrial, óleo alimentício, enfim. Por isso que nós precisamos criar várias alternativas para atender melhor a essa demanda – informa Pedro Granja, vice-presidente administrativo da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene.
Os executivos aprovaram os resultados do Plano Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, lançado há 11 anos pelo governo federal. Um dos objetivos do programa é incluir a Agricultura Familiar na produção.
– O uso da Agricultura Familiar para o fornecimento de matéria-prima é, literalmente, uma oportunidade de desenvolver áreas mais pobres, menos favorecidas dentro da estrutura agrícola e, falando de produtos alternativos ou soja, a Agricultura Familiar pode atuar em qualquer frente – sugere Granja.
Para Zilio, o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel é um sucesso absoluto:
– Nós partimos de zero para 4,1 , 4,4 bilhões de litros que devem ser produzidos em 2015. Ano passado, foram 85 mil famílias beneficiadas pelo programa de biodiesel. A tendência com o B7 é que esse número aumente – projeta.