Uma mudança de hábito da população chinesa pode render milhões ao Brasil. Tradicionais consumidores de chás, os chineses passaram a beber mais café: em menos de uma década, eles aumentaram em mais de 1.000% o valor gasto com o produto brasileiro.
Por enquanto, a China consome apenas 2% do café produzido no mundo inteiro. Isso significa que há um vasto campo para novos negócios. A expectativa é de que consumo chinês de café tenha crescimento de 16% ao ano.
O analista de mercado Eduardo Carvalhaes ilustra essa tendência com a atuação da rede norte-americana de cafeterias Starbucks por lá. “Ela já está com 2.700 lojas espalhadas em 127 cidades diferentes. E a última informação que tenho é que ela abre um novo ponto a cada dia, o que mostra o potencial da China”, conta.
Essa evolução está ligada diretamente ao crescimento da classe média no país asiático, segundo o professor de economia da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) Paulo Dutra. Ele afirma que o aumento do poder de compra atinge principalmente os cafés especiais.
“Se a gente fala em 10% da população chinesa, são 150 milhões (de pessoas), aproximadamente. Se nós tivéssemos 75 milhões de consumidores de café na China já é pouco menos do que a metade da população brasileira consumindo café de qualidade, um mercado gigantesco”, diz Dutra.
O Brasil é o maior produtor e exportador de cafés do mundo. Em 2017, a estimativa é de que a produção seja de 32 milhões de sacas de 60 kg. Esse mercado em potencial representado pela China pode fazer com que os produtores daqui invistam cada vez mais nas lavouras.
Atualmente, os maiores importadores de café do Brasil são Estados Unidos, Alemanha e Itália. Juntos, esses países são responsáveis por mais de 45% das exportações brasileiras. Mas a China já mostra evolução: em 2009, o país gastou US$ 135 mil comprando o grão nacional; já no ano passado, o valor superou US$ 2 milhões. Em volume, o crescimento foi de 1.400%.
Se depender do esforço dos produtores brasileiros, essa abertura de mercado vai render bons negócios. Segundo gestor de projetos setoriais do agronegócio da Apex Brasil, Cláudio Borges, 14 empresas participaram de uma feira na China e fecharam negócios da ordem de US$ 2 milhões de dólares. Em um ano, esse valor pode chegar a US$ 22 milhões, acredita.
“Há um crescimento acentuado das exportações. Se você comparar com as exportações japonesas e americanas, há um espaço grande, mas a perspectiva que se abra em relação ao mercado chinês eu diria que é quase infinita”, diz Borges.