Mulheres na gestão da propriedade garantem sucesso nos negócios

Elas já estão à frente de 10% das propriedades agrícolas, enquanto há duas décadas o índice era de 1%

Fonte: Divulgação/MDA

A engenheira agrônoma Paula Barcelos começa a desempenhar um papel que vem crescendo entre as mulheres no campo: comandar os negócios da família. Tradicionalmente, esse papel tem ficado a cargo dos descendentes do sexo masculino. Mas as pesquisas mostram que hoje 10% das propriedades rurais são comandados por mulheres, contra 1% há duas décadas.

“Está em minhas mãos. É uma responsabilidade muito grande, mas é uma área pela qual sou apaixonada. E quero o resto da vida trabalhar com meu pai”, diz Paula, que vai suceder Carlos Barcelos na condução da propriedade em Rio Verde (GO).

Em muitos casos, as mulheres dedicadas à gestão de propriedades agrícolas são viúvas, que, na ausência dos maridos, precisam tocar os negócios. Mas, atualmente, as esposas estão tomando a frente dos negócios por iniciativa própria, e buscando conhecimento para isso.

A coordenadora de treinamentos da cooperativa Comigo, Siomar Martins, afirma que as mulheres se questionam sobre como administrar uma propriedade sem estarem preparadas ou como cobrar os funcionários.  “Nós oferecemos a elas esse conhecimento técnico e comportamental”, diz.

Entre os quase nove mil cooperados da Comigo, mil são mulheres. Elas têm atualmente a primeira representante no conselho fiscal da empresa, a produtora rural Selvani Zanuzzi. Aos 51 anos, ela acumula 32 anos de experiência na administração de fazendas, o que faz hoje ao lado do marido e dos dois filhos.

Conciliadora, ela diz que as decisões são debatidas em família. Mas admite que normalmente tem a última palavra. “Acho que o papel principal da mulher é harmonizar, porque, às vezes, o homem sonha meio alto e mulher é mais pé no chão”, afirma a produtora.

O consultor de empresas familiares José Ney Vinhas, que abordou o tema em palestra durante a Tecnoshow Comigo, concorda com Selvani Zanuzzi. Segundo ele, a mulher faz o papel político na família, articulando com o pai e os filhos, em busca de um objetivo comum. Mas também aparece à frente da administração e das finanças.

“Sessenta por cento do risco das empresas familiares está na comunicação. E quem é que realiza a comunicação no núcleo da família? A mãe, que tem um papel indispensável dentro do negócio”, afirma o consultor.