Museus resgatam história do vinho no Brasil

Duas famílias, uma em Jundiaí e outra em São Roque, reuniram um acervo valioso para contar a história dos imigrantes que apostaram na produção da bebida

No interior de São Paulo, duas iniciativas de famílias para a preservação da história do vinho contribuíram para o surgimento de espaços que contam, além da história da bebida, a grande contribuição da imigração italiana para a cultura brasileira.

Em Jundiaí, a família Brunholi procurou a ajuda de outros imigrantes italianos para reunir objetos antigos e que ajudam a contar a história da produção na região. “Este museu está com 14 anos e, na época de sua fundação, saímos pelo bairro do Caxambú procurando as famílias de imigração italiana que tivessem interesse ou que tivessem algumas peças em casa pra fazer doação para o nosso museu para servir de acervo”, relembra Paulo Brunholi,  proprietário da Vinícola Brunholi.

Antigamente, a energia elétrica era rara e o processo da produção de vinho era feito de maneira manual. Essa realidade do início do século 20 é retratada por objetos como uma bomba de transfaga, que transportava vinho de um tanque para outro. “Naquela época, por exemplo, a gente moía a uva com o pé e aquele suco da uva tinha que ser passado para uma cartola. Com esta bomba, em um movimento manual era feito o transporte de um tanque para o outro. Quando eu era pequeno, lembro de mexer com isso”,  relembrou Brunholi, que bisneto de italiano.

Já no município de São Roque, quem visita a vinícola Goes também pode conhecer um pouco de como era a fabricação do vinho no passado. Por lá, a paixão pela bebida tem descendência portuguesa e as peças eram do seu avô do enólogo Fábio Goes.

 “Todas estas máquinas eram utilizadas pelo nosso avô. São máquinas sem nenhum ponto de energia, pois naquela época o envasamento era feito pela gravidade”, disse.

O enólogo tem em seus planos o aumento do acervo e do espaço para a visitação, que hoje ocupa um cantinho na vinícola da família. Para quem produz e vende vinho, no entanto, essa tradição pela bebida tem um sabor especial.

“O vinho é diferente das outras bebidas, pois conta a história das famílias e hoje, estamos na quarta geração da nossa. É interessante mostrar ao consumidor, desde os mais velhos até os mais jovens, que têm a oportunidade de conhecer as nossas histórias.”