Pesquisadores do Instituto de Química da Universidade de Brasília (UnB), em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), desenvolveram uma nanopartícula que promete melhorar o desempenho de fertilizantes e defensivos agrícolas.
O coordenador do projeto e pós-doutor em química, Marcelo Oliveira Rodrigues, conta que a Krill A32, como foi nomeada, é diferente de tudo o que existe neste mercado atualmente. “Consigo agregar micro e macronutrientes dentro da mesma matriz, é solúvel em água e tem pH neutro, que é algo bastante diferenciado e faz diferença na planta. Isso só é possível com nanotecnologia”, diz.
De acordo com o especialista, essas características também ajudam na capacidade defensiva do material. “Estamos conseguindo estabilizar óleos essenciais em solução aquosa, e os resultados que registramos contra ferrugem do café e lasiodiplodia — a podridão seca — são muito robustos, com quantidade mínimas de ativo”, diz.
As propriedades têm sido validada pelo pesquisador Juscimar Silva, da Embrapa Hortaliças. Nos últimos meses, o trabalho ganhou escala. “Com uma única aplicação, seja por trator ou avião, o produtor consegue fazer todo o trato cultural mais a nossa tecnologia. Acho que é um dos grandes diferenciais”, afirma.
Quando exposta a luzes ultravioletas, a nanopartícula brilha, o que permite que pesquisadores compreendam exatamente seu funcionamento dentro das plantas. “Você consegue traçar o caminho da raiz até as folhas e identificar se esse material foi realmente aplicado ou não, inclusive usando técnicas não-invasivas”, diz Rodrigues.
A tecnologia não deve ficar restrita aos laboratórios da UnB, pois os pesquisadores que integram o projeto criaram a startup Krill Tech e estão em contato com empresas agrícolas para viabilizar o lançamento no mercado. “Considerando a importância que a agricultura tem para o nosso país, o potencial é enorme”, afirma a presidente da Krill Tech, Carime da Silva.