Depois de duas safras marcadas por perdas em função do clima, os produtores de trigo do Rio Grande do Sul esperam resultados positivos em quantidade e qualidade nesta temporada. A aposta é baseada na expectativa de chuvas regulares e de baixa intensidade, como reflexos do fenômeno La Niña.
De acordo com o engenheiro agrônomo Cláudio Doro, o La Niña é caracterizado por volume de precipitações abaixo da média histórica. O prognóstico, segundo ele, é que a redução de chuvas ocorra principalmente no último trimestre do ano, época que coincide com a formação, enchimento e maturação dos grãos.
“Isso viria favorecer (a cultura), porque menos doenças fúngicas se instalariam, resultando em melhor qualidade”, diz Doro.
É justamente com a qualidade do trigo que o produtor Tomás Marini Silva está preocupado, pois o grão de padrão mais baixo derrubou os preços no ciclo passado. Agora, o cenário é outro. O triticultor espera colher 3,6 mil quilos por hectare, e o produto está escasso no mercado e valorizado.
“O preço da saca está cerca de R$ 10 reais a mais que o ano passado, e eu acho que vai melhorar porque tem pouco trigo no estado”, diz Silva.
O agrônomo Cláudio Doro afirma que o grão de qualidade deve ter teor de proteína ideal entre 11% e 12%, com força de glúten necessária para panificação. Para alcançar isso, diz ele, é preciso combinar clima e tecnologia.
“Tecnologia nós estamos conduzindo bem; quanto ao clima, tudo indica que será bom, consequentemente, haverá uma qualidade e produtividade bem melhor que a obtida nos dois últimos anos”, afirma o agrônomo.