O número de famílias acampadas na fazenda utilizada para pesquisas pela Fundação ABC, em Castro, no Paraná, já chega a 250. Os invasores ainda não estão trabalhando nas terras e o movimento garante que não vai interromper as pesquisas até ter o aval dos governantes. Na madrugada desta segunda, dia 24, 150 famílias do Movimento Sem Terra (MST) chegaram na fazenda e montaram barracos.
Apesar de não considerarem que se apossaram das terras, não permitem que ninguém entre na propriedade. Uma pessoa que não quis se identificar impediu a entrada de uma equipe do Canal Rural, afirmando que apenas “cumpria ordens”.
Representantes do MST, do Incra e da Fundação ABC se reuniram na prefeitura de Castro (PR) para decidirem o que fazer com os 400 hectares da União. Há cerca de 40 anos, as terras são usadas para pesquisas agropecuárias da Fundação ABC em parceria com universidades, trazendo benefícios para toda a região. Mas o contrato com o Ministério da Agricultura (Mapa) venceu em 30 de abril do ano passado.
A Justiça Federal exigiu a saída da Fundação ABC, que não acatou e pediu mais uma vez apoio ao poder público. A prefeitura vem negociando com a União há pelo menos dez anos. Apesar disso, a União já concedeu o espaço ao Incra, que pretende montar ali um assentamento.
– O que tem hoje é que é uma área pública e que iria a leilão, então o Incra já se candidatou, pois tenho famílias acampadas no Paraná e preciso de terra para assentar essas famílias – afirmou Nilton Bezerra Guedes, superintendente do Incra no Paraná.
Diante disso, o MST resolveu pressionar.
– Todo mundo sabe que se não existir a pressão não vai para frente, a reforma agrária só existiu no Paraná em áreas que o Movimento dos Sem Terra tomou iniciativa, fez ocupação e depois o governo federal vem, compra a terra e faz o assentamento – afirmou Luís Antônio Riba, agricultor.