O Rio Grande do Sul abriu a colheita das oliveiras. Os produtores estão animados com a nova safra porque os pomares que foram implantados há quatro anos começaram a dar os primeiros frutos e, com a escolha de mudas de qualidade e os cuidados redobrados com o manejo, principalmente com a adubação, é possível produzir azeites de qualidade em território nacional.
A cidade de Encruzilhada do Sul, no Vale do Rio Pardo, tem a maior área plantada com oliveiras no Rio Grande do Sul. São 27 propriedades rurais com cerca de 720 hectares, segundo a Emater do estado. Somente a família da produtora Paula Becker possui 54 hectares de produção.
“Este pomar vai fazer 5 anos em outubro de 2021 e essa será a nossa primeira colheita. Essa foi uma das grandes questões, pois falam que no terceiro ano passa a produzir, mas não é bem assim. Comercialmente, pelas nossas projeções, a gente só deve produzir pelo oitavo ano. Este ano, nossa perspectiva é colher, aproximadamente, duas toneladas, em 54 hectares. Viemos de dois anos difíceis, de muita chuva na época da floração. Este ano, o mês de outubro foi seco, mas novembro foi muito ventoso e caiu bastante fruto, dando uma baixa na produção”, disse.
Para facilitar o manejo da cultura, a família iniciou o projeto de criação de suínos ao ar livre. Os animais ficam soltos entre as oliveiras e ajudam a fazer a limpeza da área, além de ser outra fonte de renda. “Essa ideia veio de uma visita que eu fiz à Itália e vi que a nossa propriedade tinha as mesmas características de solo de quem plantava oliveiras por lá. O investimento é bastante alto, precisamos ter muitos cuidados com a adubação, pois tivemos que colocar calcário e estamos sempre em cuidados com as plantas. Ela vai produzir sempre com os devidos cuidados e com a poda, que é muito importante duas vezes por ano”, falou Ondina, mãe de Paula.
Marcelo Costi tem uma propriedade de 20 hectares, em Caçapava do Sul, onde seis hectares e meio são destinados à olivicultura. O produtor estima que vai colher 40 toneladas nesta safra, a maior produção até agora.
“Todo o manejo é determinado pela Emater e cada vez a gente vem melhorando este manejo, aprendendo com os erros. Estamos trabalhando, basicamente, com a adubação. Nós estamos com o pessoal da Emater fazendo uma avaliação nas frutas para determinar exatamente qual é o melhor ponto para colheita, buscando a melhor qualidade no produto final, que a gente entrega para o nosso consumidor. Nossa edição é limitada por ser um olival pequena. Esse é o resultado de 12 anos de trabalho, onde a gente deve ter a melhor colheita”, disse.
Qualidade
O extensionista rural agropecuário da Emater, Edison Dornelles, explica que a produção vem crescendo e se destacando no estado. “Nos últimos levantamentos, houve um incremento de área de 50%. Nós temos, hoje, 1.100 hectares e 90 agricultores. Nós temos três viveiristas credenciados pelo Pró-Oliva, e aproximadamente sete lagares (equipamento que faz a extração do azeite) em pleno funcionamento na região”.
O cultivo de oliveiras no estado começou há 16 anos e está concentrado, principalmente na região sul. O Programa Estadual de Desenvolvimento da Olivicultura, o Pró-Oliva, da Secretaria Estadual de Agricultura, veio para apoiar os produtores e consolidar a atividade no estado.
“Essa necessidade de um programa foi também para organizar o setor, trazer mais informações , ajudar os produtores a consolidar a produção de azeites e azeitonas aqui no Rio Grande do Sul. Os resultados que o programa teve, de 2015 para cá, foram graças à parceria de várias instituições. Nós temos que citar o Mapa, a Embrapa, a Emater, prefeituras, viveiristas, as próprias indústrias de azeite, os bancos e as universidades. A parceria tem sido a palavra-chave do programa Pró-Oliva. No nosso site, a gente dispõe de uma série de informações aos produtores, os viveiristas cadastrados, trabalhos técnicos, adaptações à olivicultura ao nosso clima e solos do Rio Grande do Sul. Recentemente, nós tivemos vários avanços, o próprio programa conseguiu , junto com o governo do estado, a redução do ICMS para a produção de azeites produzidos no estado. Um marco histórico foi a criação do Ibraoliva, o Instituto Brasileiro de Olivicultura, em 2017. A partir daí, os produtores começaram a fazer a sua gestão. O instituto é uma referência em todo o Brasil”, disse o coordenador da Câmara Setorial das Oliveiras da secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, Paulo Lipp João.
“A safra de 2021 tem se mostrado uma safra muito positiva. A colheita iniciou há 10 dias. A fala de todos os produtores é muito animadora. Talvez a safra de 2021 não seja superior aquela boa safra que foi a de 2019, mas certamente ele vai superar a safra do ano passado. A olivicultura, neste momento, é uma das fronteiras novas da agricultura brasileira . Muita gente acreditando, muitas pessoas trabalhando de maneira honesta, sempre primando por um azeite de qualidade , produzido por mãos de brasileiros, mãos de pessoas que estão acreditando neste país”, completou o vice-presidente do Ibraoliva, Renato Fernandes.