O mercado de açúcar no Brasil vive um momento positivo que pode se estender pelos próximos três ou quatro anos. Apesar da antecipação da safra de cana na região Centro-Sul, os preços têm se mantido firmes neste início de ciclo. A expectativa é que subam ainda mais até o fim do ano, em razão da restrição da oferta internacional.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), o açúcar branco foi comercializado em março a um preço 40% maior que no mesmo período do ano passado. A cotação é um reflexo da quebra de safra em importantes países produtores, como a Índia e a Tailândia.
O analista de mercado da Consultoria Datagro Guilherme Nastari estima que a Índia, por exemplo, produzirá cerca de três milhões de toneladas de açúcar a menos em duas safras. Já a Tailândia teria fechado a safra com déficit de 800 mil toneladas.
“Isso faz com que a oferta mundial de açúcar fique menor e, consequentemente, o Brasil tenha maior importância na formação de preço”, afirmou Nastari. “Se esta safra tiver um final mais seco, como a gente está estimando, provavelmente vamos ter preços ainda melhores no açúcar”.
A União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica) também tem perspectivas otimistas sobre o mercado de açúcar. Para o diretor-técnico da entidade, António Padua Rodrigues, os resultados positivos irão transcender 2016 e se estender pelos próximos três ou quatro anos.
“Se nós acumulamos endividamento por cinco anos, provavelmente agora seja um ciclo inverso, positivo para o setor sucroenergético”, disse Rodrigues.
Safra
Nos primeiros quinze dias de abril, as usinas do Centro-Sul do Brasil processaram quase 33 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Quarenta por cento desse volume foi direcionado à fabricação de açúcar, uma produção estimada em 1,5 milhão de toneladas.
A Unica estima que região vá moer entre 605 milhões e 630 milhões de toneladas de cana até o fim do ciclo, dependendo do comportamento das chuvas.