Um projeto desenvolvido pela Embrapa, em parceria com a iniciativa privada, promete deixar mais rápida e eficiente a análise de solo para a agricultura. Diferente das análises convencionais que podem demorar até cinco dias, esta faz uma leitura apurada de dezenas de parâmetros de fertilidade em apenas trinta segundos.
Essa lentidão dos processos atuais fez com que o pesquisador André Marcelo de Souza, pesquisador da Embrapa Solos do Rio de Janeiro, desenvolvesse essa que é considerada uma tecnologia pioneira no mundo. A equipe de Souza adaptou uma técnica conhecida como espectroscopia vibracional à leitura de dezenas de parâmetros de fertilidade do solo e todos os elementos podem ser analisados em até dez segundos.
“Os métodos convencionais de análise demandam muita mão de obra, pois cada parâmetro de fertilidade do solo que você analisa precisa de um equipamento e um operador específico. Já essa metodologia que a gente está propondo com uma única varredura da amostra consegue determinar todos os atributos do solo que são importantes pra fertilidade, de forma simultânea”, falou o pesquisador.
A tecnologia utiliza uma radiação em forma de luz infravermelha, que faz uma varredura onde se obtém um espectro que, segundo o pesquisador, é como uma “impressão digital da amostra”. “Pegando esse espectro e fazendo um tratamento de dados multivariados, você consegue extrair a informação química da amostra com um simples click”, disse.
De acordo com André Marcelo de Souza, o equipamento é capaz de fazer, em 20 minutos, cerca de 20 amostras de solo. O ponto positivo dessa nova técnica, ressalta, é o fato de ela não ser destrutiva e não gerar resíduos para o meio ambiente.
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Apesar de estar em andamento desde 2011, a pesquisa ganhou corpo no início de 2016 após uma parceria com o Instituto Brasileiro de Recursos Avançados (Ibra), especialista na análise dos solos brasileiros.
Biblioteca de solos
O sistema consulta automaticamente um volumoso banco de dados com mais de um milhão de amostras de terrenos representativos de todo Brasil, obtidos em anos de trabalho pelo instituto. O banco, além de servir de referência para o sistema, está constituindo a primeira biblioteca de solos do mundo.
“A gente desconhece uma biblioteca de solo tão rica, tão representativa e volumosa como essa que nós estamos construindo. Acredito que a importância maior de tudo isso é justamente permitir o desenvolvimento dessas novas tecnologias”, falou o diretor do Ibra, Thiago Parducci Camargo.
Uma estimativa da Embrapa aponta que o Brasil faça quatro milhões de análises de solo por ano em 200 unidades entre laboratórios e institutos. Se a tecnologia emplacar nos principais polos agrícolas do país, a expectativa da equipe é de que volume de testes dobre nos próximos cinco anos.
