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Palmito vira opção rentável para produtores de Brasília

Rendimento e custo de produção fazem da cultura um bom investimento para o agricultor familiar

Fonte: Wllyssys Wolfgang

A alta rentabilidade, associada ao baixo custo de produção, tem motivado agricultores de diversas regiões do pais a deixar de produzir hortaliças e optar pela pupunheira. Foi o que aconteceu com o casal Leandro e Elieje Altoé, que saíram do Espírito Santo, em 1984, e foram para Brasília, onde começaram com hortaliças e logo mudaram para a pupunha.

“O rendimento do palmito é mais ligeiro, não usa tanta mão de obra. É uma poupança. Você colhe palmito todo dia se quiser”, conta Leandro. “A fruta é onde você tira um dinheiro bom porque você não trabalha nada com ela, ela dá de graça, e o mercado dela é 100%.” 

A pupunheira é um cultivo promissor e que garante colheita da fruta uma vez por ano. A extração do palmito ocorre durante todo o ano sem a necessidade de muita mão de obra. Leandro, por exemplo, dá conta dos 25 mil pés.

“Não da trabalho. É uma árvore da própria natureza. Ela pode ficar no mato e não estraga nada, você não precisa ficar atrás de muito serviço”, afirma. 

Cada pé de pupunha pode ser explorado por até 15 anos, o que tira a preocupação de plantio constante. Outra facilidade é que, mesmo sendo originária da Amazônia, a pupunha se adaptou bem às regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. Com isso, são exigidas poucas adequações técnicas para iniciar a produção. A maior preocupação é a quantidade de água.

“Como aqui a gente tem pouca chuva em relação à Amazônia, temos que complementar com irrigação. E o outro ponto é uma boa matéria orgânica no solo, que aqui no Distrito Federal conseguimos compensar com a aplicação de adubos orgânicos”, conta Matheus Miranda, engenheiro agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF). 

Em Brasília, 17 agricultores investem no cultivo da pupunha, mas o casal tem um diferencial: são os únicos que possuem uma agroindústria na qual tratam e processam todo o palmito colhido por eles e, muitas vezes, por outros produtores da região. Por semana, Leandro colhe 100 peças, cada uma vendida a R$ 10. 

Na indústria, Leandro, Elieje e apenas uma funcionária fazem todo o trabalho. Leandro traz as peças para a área onde são descascadas e em seguida transferidas para a área de lavagem. 

A terceira etapa é o corte. De um lado, Leandro e Elieje cortam, do outro a funcionária envasa e acrescenta a salmoura, feita pela própria Elieje. Em seguida, os potes vão para a pasteurização, um processo que dura exatamente 40 minutos após o início da fervura. Depois, o produto vai para uma quarentena de 15 dias. No fim deste período, Elieje realiza todos os testes de qualidade.

“Depois do período de quarentena, que são os 15 dias, a gente coleta uma amostra do palmito e vai fazer alguns testes, como a acidificação da salmoura, se está no Ph exigido, o teste da textura, para ver se o palmito está no ponto ideal para ser consumido, nem muito mole nem muito duro. Assim, temos que estar sempre atentos a esses detalhes também para não chegar um produto de má qualidade para o consumidor”, conta Elieje. 

A família gastou R$ 70 mil na construção da estrutura, investimento que foi recuperado em quatro anos. Hoje, eles têm uma carteira fiel de restaurantes e a clientela no Ceasa. 

“Nossa qualidade de vida melhorou bastante porque o palmito dá mais renda que a verdura, apesar de nossa produção ser muito pequena. A gente conhece muitas pessoas e todo mundo elogia nosso produto”, diz Elieje. 

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