Em audiência pública na Câmara dos Deputados, produtores de coco pedir a regulamentação de embalagens de água de coco, que é vendida em caixinhas nos supermercados. De acordo com o representante da Associação Baiana dos Produtores de Coco (Asbacoco) Reinaldo Nascimento, trata-se de uma pasta misturada com água e açúcar. Isso, segundo ele, induz o consumidor ao erro, que pensa se tratar do líquido direto da fruta.
Nascimento explica que o Brasil não pode importar o fruto diretamente devido ao risco de pragas quarentenárias, então a indústria adquire o gel da água da fruta. “Na Ásia, eles produzem o coco para obter o óleo. Eles concentram a água residual e exportam”, diz.
Outra pauta levada aos parlamentares a concorrência com o produto internacional, que tem prejudicado produtores locais. Segundo a entidade, o custo de produção do coco no Brasil é de aproximadamente R$ 1,60 por unidade. Já os produtos importados da Ásia ficam em R$ 1,10. “Na Ásia, as condições de salários são menores e existe subsídio do governo. Lá, eles não têm o que chamamos de custo Brasil”, diz Renato Moreira, engenheiro agrônomo do Movimento Nacional do Coco.
Esse assunto foi tema de audiência pública na Câmara. Os produtores não pedem o fim das importações, até porque o país não é autossuficiente na fruta, mas querem incentivo à produção local e controle de entrada do produto internacional. “Está há muito tempo esse volume de exportação. Porém, daqui a três anos eu consigo atender a demanda. Ela poderá começar a comprar do produtor, fazer contrato, organizar a cadeia”, explica Moreira.
Aqui, segundo o representante da Asbacoco, esse gel é misturado a 12 quilos de água potável, para poder chegar à concentração do que seria o original. “Depois, você adiciona açúcar comum, sacarose, e também mais uma carga de aditivos, para conseguir conservar. E isso não está nos rótulos”, denuncia Nascimento.
Parlamentares que ouviram os relatos se comprometeram a avaliar a criação de uma lei que regulamente as embalagens. Já o controle de quantidade e qualidade do produto importado devem ser debatidos com o Ministério da Agricultura, por meio da criação de uma câmara setorial.
“Abrindo mais o debate na Comissão de Agricultura, vamos buscar propostas e projetos de lei, ao caso de pactuação interministerial, a fim de fortalecer os produtores do nosso país”, declara o deputada federal Raimundo de Matos (PSDB-CE).
Outro lado
A Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (Abir) afirma que suas associadas cumprem a legislação em vigor.