A estiagem que afeta as lavouras também prejudica o transporte de carga. A hidrovia está com o calado abaixo do mínimo permitido para navegação, profundidade do rio menor que a profundidade do barco. Com isso, a hidrovia está paralisada, por decisão do Operador Nacional do Sistema Elétrico, que decidiu priorizar o uso da água para geração de energia.
De maio de 2014 até janeiro de 2015, 6 milhões de toneladas de cargas deixaram de ser transportadas pela hidrovia. A produção do Centro-Oeste está chegando aos portos do Sudeste por rodovias, aumentando o custo do transporte em 40%.
No Porto de São Simão, apenas uma das quatro empresas segue operando. Aproximadamente um milhão de toneladas de soja que a Caramuru Alimentos processa e transporta por ano precisam sair de caminhão, são 35 mil veículos a mais nas rodovias.
– Para transportar farelo de soja, a gente usa um comboio com quatro chatas. Cada comboio com seis mil toneladas. A gente carregava isso em um dia. Hoje para levar essa produção pela rodovia, nos gastamos quatro dias para carregar o esmo que a gente carregava pela hidrovia. Cada comboio são 200 carretas que a gente coloca no sistema rodoviário – explica o gerente de manutenção da Caramuru, Gustavo Silva Côrtes.
Há dois anos, o governo federal anunciou investimentos de R$ 1,5 bilhão na hidrovia, mas ainda não há previsão dos projetos de aumento da calagem, por exemplo. As melhorias são esperadas com urgência pela prefeitura de São Simão, que aponta a falta de confiabilidade nas operações da hidrovia como motivo para a perda de investimentos na região.
– Nós estávamos com duas empresas para se instalar aqui no porto de São Simão, com investimento total de R$ 300 milhões, essas empresas iam nos ajudar a trazer outras empresas para o município. Mas pela falta de confiabilidade no sistema, nesse modal, alguns investimentos pararam – explica o porta-voz da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de São Simão, Charles Rangel.