Pecuaristas querem que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) compre 50 mil toneladas de leite em pó, para ajudar a melhorar o preço pago pelo litro, que, em alguns municípios, mal cobre os custos. O produto seria utilizado em programas institucionais, como a merenda escolar.
Até o momento, o Governo não efetuou a aquisição. O presidente da Câmara Setorial de Bovinocultura de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim, diz que “uma central de abastecimento que não pode comprar 50 mil toneladas de leite em pó é triste. Mas, de qualquer maneira, reflete a crise econômica pela qual está o país passando”.
Sérgio Santos, gerente de Fibras e Alimentos Básicos da Conab, afirma que a operação foi analisada na semana passada e custaria em torno de R$ 715 milhões. Ele explica que ainda existe a possibilidade de compra, mas o valor deve ser menor do que o setor deseja.
“Caso haja orçamento, o preço atual de referência, de R$ 12 reais o quilo, possivelmente pode ser revisado por parte da Conab”, diz Santos.
Outra alternativa para aumentar o preço do leite para o produtor é a exclusão dos lácteos do acordo de livre comércio do Mercosul. A medida já foi defendida pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e recebe o apoio do setor. A alegação é de que a restrição já acontece em outros acordos, por se tratar de um produto altamente perecível e de produção diária.
Sem ajuda do governo, a cadeia do leite estuda um acordo com a União Europeia. A ideia é abrir cotas de importação para produtos lácteos europeus. Em troca, os brasileiros poderiam até exportar leite in natura para o bloco. As negociações devem ser finalizadas até dezembro deste ano.
A superintendente de Relações Internacionais da CNA, Lígia Dutra, o setor lácteo brasileiro já enfrenta na União Europeia uma barreira sanitária, que proíbe a importação de produtos lácteos, por conta de certificação de brucelose e tuberculose. Isso vale inclusive para produtos processados, o que, segundo ela, é sem sentido.
“A gente não pode exportar pão de queijo, por exemplo, que já vem um produto totalmente processado e não ofereceria risco ao consumidor, assim como não oferece aqui no Brasil, quando consumimos. A qualidade que temos aqui dentro precisa ser reconhecida pelo sistema europeu”, defende Lígia.