Produtores de leite do Triângulo Mineiro estão reduzindo a produção por conta do aumento nos custos com energia. A conta subiu mais de 60% nos primeiros oito meses deste ano. Dois mil reais foi o valor da última conta de energia na fazenda do produtor Paulo Alves Cardoso, quase três vezes a mais em comparação com agosto de 2014. O preço médio do quilowatt/hora é de R$ 0,52, 62% a mais do que no ano passado.
– Para a gente conseguir diminuir os custos de energia, estamos trocando grande parte dos nosso equipamentos, como tanque de resfriamento, ordenhas; colocando alguns dispositivos como os capacitores, que são coisas técnicas que ajudam a gente a diminuir o custo da energia – explica o produtor.
Com a troca de equipamentos, Cardoso acredita que conseguirá reduzir em 30% os gastos na conta de energia.
– Nós vamos ter oito conjuntos de ordenha, atualmente nós temos quatro, e com isso vamos aumentar a quantidade de vaca ordenhada e diminuir o tempo da ordenha no total. Com isso, o gado tem mais tempo para descansar e alimentar melhor também – acrescenta.
De acordo com o levantamento realizado pela Cooperativa de Produtores de Leite de Iraí de Minas, no Triângulo Mineiro, o custo de produção do litro do leite na região é de R$ 0,80, em média, 15% a mais em relação a 2014. Já o preço médio pago ao produtor é praticamente o mesmo do ano passado, cerca de R$ 0,99 o litro.
– O aumento que houve no custo de produção é em torno de 10 a 12 centavos o litro do ano passado para esse ano. Para você ter uma ideia, hoje para você fazer uma lavoura, o produtor gasta quase 50% a mais com adubo – diz o superintendente da Associação de Produtores de Leite de Iraí de Minas, João Batista Pires.
Com o aumento no custo de produção, muitos produtores estão reduzindo o rebanho na região.
– Hoje, para o pequeno produtor não está fácil. Para poder sobreviver a gente tem que buscar serviço fora para ter uma renda melhor, com mais recursos – explica o produtor Edésio Rodriguez.
Somente neste ano, a captação de leite da cooperativa de Iraí de Minas teve uma redução de 25% no volume diário.
– Apesar de nos últimos meses, isso se estabilizou um pouco, mas do ano passado para este ano, perdemos mais ou menos de 20 a 25 mil litros de leite por dia na captação – lamenta Pires.