Os danos causados pelo percevejo no milho segunda safra estão mais aparentes agora, porém, não há o que fazer. O inseto afeta com mais intensidade as plantas pequenas, logo após o brotamento da planta.
O percevejo barriga-verde, que não é tão perigoso para soja, é um problema bem mais sério paro milho segunda safra. Ele atrapalha o desenvolvimento da planta nos 20 primeiros dias e deixa as áreas desuniformes. O que é sinal de perda de produtividade no grão.
A planta que não cresce recebe menos luminosidade. Assim, ela não se desenvolve ou gera espigas muito pequenas. Em uma lavoura em Sertanópolis (PR), o percevejo que migrou da lavoura de soja para a de milho afetou quase um terço da produção do produtor Fernando Espanhol.
– É muito preocupante. Se não diminuir a intensidade com as aplicações, tem que mudar a cultura de inverno, fazer uma rotação de cultura, com aveia ou com trigo, porque fica muito complicado. O estrago vem e o lucro vai embora – reclama Espanhol.
Este não foi um caso isolado. De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Sertanópolis, Antônio Terassi, o problema afetou quase todos os produtores de milho do município.
– A grande proliferação dessa praga se deu neste ano, apesar de termos tido danos com ela em outros anos. Mas agora, ela veio com muita força.
A pesquisadora da Embrapa, Beatriz Ferreira, estuda o comportamento dos percevejos na soja e no milho. Ela diz que o manejo da praga deve começar antes do plantio.
– De preferência, manter a área limpa de plantas daninhas porque elas servem de abrigo para os percevejos, principalmente, o barriga verde – explica Beatriz.
Os cuidados com as sementes e o monitoramento da população do inseto também são necessários.
– Normalmente, no plantio, já é feito um tratamento de semente buscando uma redução da população presente no ambiente, e, uma vez constatada após a emergência, se o monitoramento indicar um percevejo para cada 10 plantas, é necessária nova aplicação – completa a pesquisadora.
Espanhol fez o tratamento das sementes, monitorou a proliferação da praga, fez 3 aplicações de defensivos, mas não conseguiu acabar com o problema. O engenheiro agrônomo, Ernani dos Santos Júnior, acredita que é preciso analisar os hábitos do percevejo para ter mais eficiência no controle. A aplicação do inseticida na hora certa faz toda a diferença.
– Se o produtor fizer a aplicação nas horas mais frescas, a eficiência do produto, que já não é grande, vai cair muito. Isso é muito relativo ao hábito do percevejo. No milho, é o simples fato de ele sair da palhada e ir para o grão beber água. E ele faz isso sempre nas horas mais quentes – explica o agrônomo.
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Edição de Flávya Pereira