Pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) desenvolveram uma nova variedade de café que é imune à ferrugem, umas das principais doenças da cultura. A apresentação foi feita durante um evento para produtores em Patrocínio, na região do Alto Paranaíba.
A semente da nova variedade chega ao mercado em 2018. O trabalho dos pesquisadores, que durou mais de 40 anos, resultou no desenvolvimento de uma planta resistente às altas temperaturas e que até o momento apresenta imunidade à ferrugem. O responsável pelo projeto, o pesquisador Gladyston Carvalho, explica que o ponto de maturação é mais lento e indica plantio em área com menor altitude.
“Nossa recomendação é que, se o agricultor tem uma condição de região alta acima de 1,2 mil metros, e por natureza a maturação é mais tardia, ele deve plantar um pouco menos. Agora, em regiões abaixo de 1,1 mil metro, com clima mais quente, é onde nós temos posicionado mais a araponga”, afirma.
A MSG Araponga Dois tem apresentado bom desempenho. Em cinco colheitas, a produtividade média da planta foi de 48,2 sacas por hectare, 20 a mais do que as variedades utilizadas atualmente no Cerrado Mineiro.
“Além de ser resistente às altas temperaturas e imune à ferrugem. Esta variedade apresenta outra importante característica comercial: qualidade na bebida. na avaliação deste quesito ela recebeu nota acima de 80 pontos, o que já é considerado café especial”, amplia Gladyston Carvalho.
Os pesquisadores também alertaram os produtores sobre a preocupação de surgimento de nematoides na cafeicultura do Cerrado Mineiro. Esses microorganismos se instalam no solo e atacam o sistema radicular da planta, roubando os nutrientes e causando perda de folhas.
Segundo a pesquisadora Sônia Lima Salgado, a região pode disseminar os nematoides.
“Aqui é uma região de alta mecanização no manejo das lavouras, e as máquinas e implementos podem disseminar esse nematoides, que são microorganismos de solo. Uma vez que a máquina passa em uma área infestada dentro de uma propriedade ou em propriedades diferentes, o microorganismo pode se disseminar por meio desse solo que se adere nas máquinas”, conta.
Os nematoides causam perda de até 30% na produção e algumas variedades podem causar até a morte da planta. A pesquisadora destaca que a melhor forma de combater a doença é realizando o manejo preventivo com o monitoramento das áreas.
“Uma forma é você fazer amostra de raízes de solo daquelas plantas e as amostras são enviadas ao laboratório. Lá vai ser feita a identificação das espécies. É importante o produtor saber qual é a espécie, porque existem umas mais agressivas e isso pode nortear a medida de ação a ser tomada”, completa Sônia Lima Salgado.