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Rural Notícias

Mesmo com pandemia, PIB do agro brasileiro deve crescer 9% em 2020

Levantamento divulgado pela CNA indica ainda que haverá mais um ano de crescimento para o setor em 2021; confira os números

O Produto Interno Bruto do agronegócio brasileiro deve crescer 9% neste ano e 3% em 2021. Mesmo com os efeitos negativos da pandemia em alguns segmentos, o setor se destacou na geração de empregos, com quase 103 mil novos postos de trabalho.

Esse cenário foi  confirmado em entrevista coletiva promovida nesta terça, 1º, pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que calcula para este ano o Valor Bruto de Produção deve subir ainda mais que o PIB, cerca de 17% e chegando aos R$ 903 bilhões. Em 2021, a expectativa é de alta de 4%.

“É um crescimento grande: 3% em cima de um crescimento de 9%. É um crescimento muito robusto que foi esse ano acompanhado em grande parte pelos aumentos dos preços e produção. Ano que vem os preços vão continuar de certa forma elevados e não vão ter tanto aumento e a produção vai crescer, então você diminui a intensidade dessas variáveis”, disse o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi.

Para a CNA, no entanto,  o endividamento do país que já compromete mais de 96% do PIB é preocupante. A entidade acredita que o cenário econômico está sem previsibilidade, com o orçamento do próximo ano ainda não foi definido, o teto de gastos ainda sofre ameaças de não ser respeitado e grandes reformas, como a administrativa e tributária, podendo afetar o agronegócio em 2021.

“Nós já tivemos várias reuniões com a equipe do deputado Aguinaldo, que é relator da reforma tributária e colocando nosso ponto de vista. Eles pediam informações, estudos, a gente levava, enfim… Então até o momento esta articulação foi feita diretamente com o deputado Aguinaldo e com a equipe dele. Levamos também para FPA quais seriam as prioridades do setor. Tem dois parlamentares que fazem parte da FPA e integram a comissão especial, então nós também apresentamos para eles o que  setor imagina de uma reforma tributária e a todo momento a gente está sempre tentando levantar um dado diferente, um estudo que nos dê argumentos técnicos para convencer quem está à frente das propostas pra tomar uma decisão coerente pro setor agropecuário”, disse Lucchi.

Comércio exterior

Já o comércio exterior é visto com entusiasmo pela CNA. A saída do Reino Unido da União Europeia é encarada como uma oportunidade

“O Reino Unido é um grande importador de alimentos, importando US$ 105 bilhões em alimentos no último ano e o Brasil exportando para eles apenas 1,5% desse valor. Então, nós temos uma participação pequena no mercado do Reino Unido, pelo menos em participação direta. Os maiores exportadores pro Reino Unido são os países europeus, mas com a saída deles do bloco de mercado nós temos sim aí uma oportunidade. O Reino Unido importa produtos diferenciados do Brasil, vários produtos como as frutas. Nós exportamos mais frutas pro Reino Unido do que soja, e isso demonstra a importância desse mercado e a capacidade que ele tem de se aliar ao nosso projeto de exportação de produtos de pequenos e médios produtores”, analisou Lígia Dutra, superintendente de Relações Internacionais da CNA

A entidade entende que o país está preparado para os próximos desafios internacionais e orienta que o produtor foque em relações harmônicas com os nossos principais compradores. “A questão do meio ambiente e do comércio internacional veio pra ficar. A gente vê que esses padrões ambientais estão cada vez mais fortes. Não é uma coisa simplesmente de europeu. Todos os países estão investindo nisso. A própria China tem investido em sistemas de rastreabilidade que tem requisitos ambientais em cadeias como a soja, então é algo que veio pra ficar. E o Brasil tem tudo pra entrar nesta competição com diferencial muito positivo, porque a agropecuária brasileira tem diferenciais de sustentabilidade que outros países não têm. A gente precisa explorar e o produtor brasileiro tem plena capacidade de fazer isso”, disse Lígia Dutra.

Para o presidente da CNA, João Martins, é um momento de pragmatismo para o setor. “Nós não devemos ter nem ideologia e nem bandeira. Não são os EUA que vão determinar o que nós produzimos e para quem devemos vender. Nós somos produtores rurais, precisamos exportar o que produzimos. O consumo interno não é suficiente. Hoje nós produzimos alimento para mais de 1,2 bilhão de pessoas, nós só temos menos de 370 milhões de pessoas, então precisamos botar o que produzimos pra fora. Não devemos ter ideologia. É mercado. Quem paga melhor é quem compra nosso produto”, disse.

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