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Plano Safra 2016/2017 deve chegar a R$ 200 bilhões

Setor está preocupado com as taxas de juros que serão ofertadas e de onde virão os recursos

Fonte: Jarlei Cortese/Arquivo Pessoal

O Plano Safra 2016/2017 , que será lançado na próxima semana, deve oferecer recursos da ordem de R$ 200 bilhões, de acordo com especialistas.  Uma das principais preocupações do setor agropecuário é a manutenção das taxas de juros, que foram mais altas no ciclo passado e que contribuíram para o acesso ao crédito ter crescido pouco.

O Plano Agrícola e Pecuário (PAP) – nome oficial do Plano Safra – do ciclo 2015/2016 entrou em vigor em julho do ano passado e termina em 30 de junho deste ano. Até março, houve redução nos contratos de custeio, investimento e comercialização em relação ao plano anterior. Os produtores contrataram quase R$ 26 bilhões. O custeio alcançou R$ 73 bilhões, e a comercialização, R$ 18 bilhões. 

Em números gerais, a contratação de crédito neste período foi 13% menor em contratos e apenas 1,7% maior em valores. O total fechado até março foi de R$ 117 bilhões, em mais de 1.700 contratos – o equivalente a 63% dos R$ 187,7 bilhões ofertados.

O consultor em agronegócio Ivan Wedekin avalia que as taxas de juros mais altas, entre 7,5% e 10%, contribuíram para o aumento de quase 2% na contratação, assim como as políticas de concessão de crédito dos bancos. Para este novo ano-safra, ele avalia que o valor estimado de recursos a serem liberados, cerca de R$ 200 bilhões, é suficiente para o momento.

Segundo o Wedekin, se o volume de crédito para investimento crescer entre 10% e 15%, irá cobrir o aumento do custo de produção e permitir uma ligeira expansão de área plantada.

Uma reivindicação do setor produtivo é mais atenção para o Plano Nacional de Armazenagem, que tinha previsão inicial de R$ 5 bilhões ao ano. Mas, no último plano, os recursos foram cortados pela metade e os juros, duplicados – chegando a 7,5%.

O setor cerealista teria enfrentado um período de dificuldade, afirma o diretor-executivo da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil, Roberto Queiroga. “Temos uma carência de armazenagem de 50 milhões de toneladas e praticamente a única linha disponível para o setor acabou”, diz, referindo-se ao PSi-cerealista. 

O vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Hélio Sirimarco, afirma que o grande problema no setor hoje é o alto nível de inadimplência, o que tem levado os bancos a “apertar” o produtor.  “Eles estão dificultando, exigindo mais garantia e não vão baixar custos. Isso vai encarecer a safra”, acredita Sirimarco.

Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja-Brasil), Marcos da Rosa, a questão mais importante é de onde sairá o dinheiro do Plano Safra. “No orçamento é muito fácil colocar, mas na hora de buscar esse dinheiro, ele existe?”, questiona.

A preocupação leva em conta a promessa de R$ 1 bilhão para o premio de subvenção ao seguro rural, que, na verdade, vai ficar em R$ 400 milhões. Na prática, são R$ 100 milhões a mais que no último plano, já que dos R$ 600 milhões anunciados, metade foi utilizada para quitar dívidas de 2014.

O consultor Ivan Wedekin lembra, porém, que o Plano Safra desta temporada será lançado em um governo e, provavelmente, executado em outro. As medidas anunciadas em maio só passam a valer a partir de julho e dependem de aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Wedekin afirma que o programa pode sofrer mudanças localizadas, de aperfeiçoamento, ao longo dos meses. Mas não devem sofrer alterações as regras básicas de taxas de juros e os volumes de recursos. “Quanto antes o plano for lançado, melhor, porque facilita o planejamento do agricultor”, diz o consultor.

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