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Agronegócio

Plantio de algodão em Mato Grosso deve ser 10,6% menor em 2020/21

Em contrapartida, demanda pela pluma volta a ganhar força no mercado internacional e anima produtores no estado

O Mato Grosso, maior produtor de algodão do país, deve semear 1,01 milhão de hectares da pluma em 2020/21. O recuo na área deve ser de 10,6%, de acordo com Marcel Durigon, pesquisador do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

“O algodão teve momentos bem distintos este ano. Primeiro sofreu muito com a Covid-19, com o mercado muito afetado. Os preços Ice Futures, que balizam os preços do algodão no mundo todo, despencaram em março, abril e maio. Isso fez com que o produtor desanimasse um pouco para safra 20/21”, comenta Durigon.

Além disso, o impacto da estiagem na safra de soja pode afetar o desempenho dos algodoais segundo o agricultor Cristiano Botam, que prevê queda de produtividade em relação a anos anteriores. O produtor deve reduzir em 11% a área destinada ao cultivo da pluma.

O produtor mato-grossense José Arlan, também deve reduzir a área plantada nesta safra, cerca de 800 hectares a menos. Ele tomou a decisão após uma revisão de planejamento do plantio da safra feita em julho.

“Um dos motivos é o preço na época do algodão estar muito baixo. O custo estava alto inviabilizando o plantio. Além disso, nós tínhamos uma previsão do atraso das chuvas de setembro e outubro. Com isso iríamos atrasar o plantio da soja e consequentemente o do algodão, sabemos que o algodão tem uma janela curta de plantio. Aproveitamos que o preço do milho estava muito bom na época e resolvemos substituir o plantio do algodão safrinha por milho safrinha, onde temos uma janela maior de plantio com risco menor e assim ficou viável devido ao preço do milho”, comenta Arlan.

Com redução da área e estimativa de uma produtividade até 7% menor, a produção da pluma deve encolher quase 17% no estado, ficando em pouco mais de um 1,777 milhão de toneladas. Segundo o Imea, apesar da fase crítica causada pela Covid-19 no primeiro semestre, a segunda metade do ano foi marcada pelos níveis recordes de preço do algodão, que alcançou média anual de R$ 95,68 a arroba, alta de 14,7% na comparação com 2019.

Ainda de acordo com o instituto, o avanço nos preços esteve atrelado à valorização do dólar e a menor disponibilidade de pluma, já que os produtores priorizaram as entregas dos contratos firmados antecipadamente. Além disso, com a retomada gradativa da demanda nos últimos meses, o preço da pluma disponível voltou a ficar acima da casa dos R$ 120 a arroba, o que alimenta a esperança de um cenário promissor para a safra que começa a ser plantada agora.

“A China, que é um grande consumidor de algodão, retomou as compras após o baque provado pela Covid. Ela se recuperou muito rápido e hoje podemos ver que o crescimento industrial está firme, assim como em outras partes do mundo. Isso vem faz com que as negociações voltem a acontecer com os produtores dos Estados Unidos e Brasil, que são os dois principais exportadores de plumas. A comercialização em mato grosso voltou a subir e os preços também aumentaram. As expectativas são boas e o momento é na volta da demanda pela pluma que está agradando os produtores”, ressalta José Arlan.

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