A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realiza neste mês fiscalização em 57 armazéns públicos e privados. Problemas de infraestrutura, presença de pombos e produtos com baixa qualidade estão entre os itens avaliados pelos fiscais.
A quantidade de produto nos armazéns também está entre os fatores fiscalizados. Por meio de cálculos geométricos, os técnicos da companhia comparam quantas toneladas estão registradas e quantas estão realmente no armazém e, se houver perda de até 8%, a unidade precisará ressarcir o governo.
“Nessa situação, além da cobrança financeira é aberto um processo em que o armazém vai ser impedido de trabalhar com a companhia no prazo de dois anos e toda essa documentação é repassada para o Ministério Público e Polícia Federa,l para ser aberto o inquérito”, disse Henrique Silva, fiscal da Conab.
A fiscalização acontece durante nove rodadas ao longo do ano e a fase atual abrange a quinta rodada de inspeções, que incluem armazéns de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Distrito Federal. Ao todo, são mais de 790 mil toneladas de grãos estocados e o principal problema é a perda de qualidade dos produtos, muitas vezes provocadas pela presença de insetos vivos.
“Se você detectar com a mão que a massa de grão está aquecida, isso é um indício de atividade biológica naquele grão. Pode ser pelo excesso de umidade, que está proliferando fungos, ou ataque de insetos pragas”, disse Silva.
Pombos
Em um armazém de Brasília, os fiscais encontraram pombos vivendo no local. As aves estavam nos pátios, perto da moega, nas escadas e em vários outros pontos da unidade. A regra diz que apenas um animal em contato com o produto estocado já é motivo para notificação.
Para o gerente da unidade pública da Conab em Brasília, Gustavo Areal, existem ações eficazes para controlar o problema, mas ainda há desafios a serem enfrentados.
“O combate aos pombos aqui não pode ser feito de forma de erradicação, como é feito com os roedores, com colocação de iscas, venenos. Nesse caso, o manejo é principalmente ambiental. Nós fazemos a vedação dos principais pontos de acesso e nidificação dos pontos e a limpeza constante do material, para não deixar nenhum grão disponível para alimentação”, disse.
Areal diz ainda que a unidade enfrenta problemas estruturais. O elevador para transportar funcionários, por exemplo, está sem funcionar há mais de um ano e todos precisam subir os 28 metros de escada. “No mês passado veio uma equipe de uma empresa especializada para montar outro modelo de elevador porque esse modelo atual não é adequado ao silo por questão de poeira. Estamos passando por contingência orçamentária no governo federal e pode demorar um pouco mais que o previsto, mas o plano é, em breve, já ter o elevador funcionando”, disse.
Outro lado
Procurada pelo Canal Rural, a Conab disse que “está estudando qual a melhor solução para o problema, uma vez que se trata de um elevador muito antigo, da década de 1970, e que não há mais peças para reposição”. Ainda segundo o órgão, o elevador é exclusivamente de passageiros e sua interdição “não interfere na armazenagem dos estoques públicos”.
Sobre a presença de pombos, a Conab disse que “ocorrem em áreas externas e em nada comprometem a qualidade das operações no interior do armazém”, disse.