O Brasil tem potencial para se tornar um líder na irrigação mundial. São 30 milhões de hectares irrigáveis, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), mas apenas 6,5 milhões de hectares utilizam essa tecnologia. Diante de tamanho potencial, o governo já estudo formas de ampliar a técnica, utilizando a irrigação em diferentes culturas.
A iniciativa privada também busca investir neste mercado, mesmo em um cenário de crise política e econômica. Nesta semana, a maior empresa produtora de pivôs no mundo, que tem sede nos Estados Unidos, anunciou investimentos de R$ 5 milhões na sua unidade brasileira. A indústria opera em Uberaba, no Triângulo Mineiro, e deve aumentar a capacidade produção em 40%.
“Olhando no longo prazo, o Brasil continua atrativo, sendo um dos países mais importantes na agricultura mundial e a irrigação vai ser fundamental para o aumento de produtividade e capacidade na produção de alimentos no país”, afirma o diretor da Valmont Valley Brasil João Rebeck.
De acordo com o gerente comercial da empresa, Carlos Reis, o investimento em irrigação é não é tão alto. Ele dá como exemplo um pivô central, que custa entre R$ 8 mil e R$ 10 mil por hectare. O valor corresponde a um terço do preço da terra, mas o retorno do investimento é certo. “Um dado interessante é que, na maioria das culturas plantadas, você pode esperar tranquilamente um aumento de produção ao redor de 30%”, explica Reis.
O agricultor Ademir Mello Jr. utiliza o sistema de irrigação por pivô desde a década de 1980. Hoje, ele utiliza quatro equipamentos espalhados em 700 hectares no município de Campo Florido, no interior de Minas Gerais. Ele garante que o uso de tecnologia elevou em mais de 40% a produtividade da lavoura e ainda possibilitou o plantio de até três culturas por ano.
“A cultura da soja está praticamente com zero de adubação. Isso já é um redução de custo, com a produção que não diminuiu, só aumentou”, relata Mello Jr.
Ainda assim, o produtor rural reclama da burocracia na liberação de outorgas. Segundo ele, esse é o maior entrave para a expansão das áreas irrigadas no Brasil. “Por mais que a gente esteja correto com a reserva legal, essa parte burocrática afeta muito”, diz.
Para as empresas do setor, a saída é fazer mais investimentos em energia elétrica e em projetos voltados para a reserva de água. “Nós estamos com atuando junto com grupos independentes trabalhando com os governos estaduais, para que a gente consiga aprovar uma lei estadual em que os agricultores possam fazer essa reserva. O Rio Grande do Sul é o nosso piloto e caminha para que seja aprovada a reserva de água”, explica Carlos Reis.